Em plena seca, Bolsonaro castiga nordestinos com corte de verba de carros-pipa
Após a eleição, governo Bolsonaro, que conseguiu apenas 30,6% dos votos válidos no Nordeste, tomou mais uma medida perversa contra a população nordestina: cortou água potável de 1,6 milhão de famílias
Publicado: 23 Novembro, 2022 - 12h26 | Última modificação: 23 Novembro, 2022 - 16h57
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Mal acabou o processo eleitoral, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que conseguiu apenas 30,6% dos votos válidos na Região Nordeste, tomou mais uma medida perversa contra a população nordestina e cortou recursos para a operação Carro-Pipa, que leva água potável para 1,6 milhão de famílias no semiárido nordestino. A operação existe há mais de 20 anos.
O governo já havia praticamente acabado com o programa de construção de cisternas, criado no primeiro mandato de Lula (PT), eleito este ano para o terceiro mandato. No Nordeste, suas região de nascimento, Lula conquistou 69% dos votos válidos.
O projeto instalou mais de 100 mil cisternas em um único ano e se aproximava da marca geral de 1 milhão de unidades, mas em 2021, o governo Bolsonaro entregou apenas 3.000 reservatórios.
As cisternas para uso humano são grandes caixas de água com capacidade para armazenar 16 mil litros de água da chuva ou aquela colocada por carros-pipa (em épocas de seca). No caso, para armazenar água da chuva, são instaladas calhas ao longo do telhado que despejam o líquido diretamente na cisterna. Mas, em períodos secos como o atual, não tem chuva e a população depende exclusivamente dos carros-pipa para ter acesso a água potável.
O programa beneficiava principalmente quem vive no sertão dos estados nordestinos e no norte de Minas Gerais – o chamado semiárido brasileiro –, justamente os que enfrentam dificuldades diárias até para conseguir água de beber. Na região, 350 mil famílias ainda dependem de caminhões-pipa no período mais crítico das secas, segundo estimativa é da Articulação do Semiárido (ASA Brasil), rede que reúne entidades sindicais e religiosas e movimentos sociais que atua nessas regiões construindo cisternas e capacitando a população para o uso adequado dessas tecnologias simples, porém tão eficientes que são reconhecidas pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Bolsonaro deixa 1,6 milhão sem água potável
A planilha do Exército, que coordena a operação Carro-Pipa, estima que 1,6 milhão de pessoas teriam direito ao abastecimento em novembro em oito estados do Nordeste, mas estão prejudicadas, diz reportagem de Carlos Madeiro, do UOL.
Já foram cortados os abastecimentos de estados como Pernambuco, onde 529 mil moradores de 105 cidades que estão aptos para receber água da operação; Alagoas, Paraíba e Bahia e demais estados da região onde os caminhões pararam de abastecer a população, segundo a reportagem.
A operação Carro-Pipa é financiada com recursos do Exército Brasileiro em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), segue o texto. “Ambos confirmaram à coluna que a suspensão ocorreu por falta de verbas para continuidade (veja mais abaixo). O MDR diz que alertou o Ministério da Economia sobre a falta de recursos, sem retorno. O UOL teve acesso a um documento do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado, com sede em Petrolina (PE), endereçado a Defesas Civis de municípios de Pernambuco e Bahia”.
A suspensão, porém, pegou as Defesas Civis, pipeiros e moradores de surpresa. Pela regra, cada família tem direito a 20 litros de água por dia a cada integrante assistido. Ou seja, se a casa tem cinco moradores, são 100 litros diários.