Escrito por: Redação CUT
Campanha “Alô, presidente” comprou foto de uma senhora que eles chamam de ‘Dona Maria Eulina’, uma nordestina. Ela é na verdade, dona Délia e mora no interior de São Paulo
Fingindo conversar com um nordestino, região onde é rejeitado pela maioria da população, simpático ao seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) gravou propaganda conversando com pessoas de bancos de imagens que nem sabiam que estariam na peça publicitária. Esses bancos de imagens cobram um valor irrisório pelo uso das fotos.
Na propaganda fake denominada “Alô, presidente”, que foi divulgada nas redes sociais do governo nesta quarta-feira (1º), Bolsonaro supostamente conversa com Dona Maria Eulina, de Penaforte (PE), que teria perguntado sobre a transposição do rio São Francisco, obra iniciada pelo ex-presidente Lula, concluída em quase 85% durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff .
Na vida real, o nome desta senhora é Délia Rossim e ela mora em Sertãozinho, no interior de São Paulo. Um dos seus netos tirou a foto e colocou em um banco de imagens. Não é a primeira vez que a foto foi usada em propaganda. Até empresas multinacionais já usaram.
Perguntada por uma repórter se, como na campanha, ela gostaria de receber uma ligação do presidente, ela recusou. "Não quero, não. Ah, porque não", diz, repetindo o "não" mais três vezes, segundo o Painel da Folha.
Depois da denúncia de que a propaganda era fake, a Secretaria de Comunicação do governo disse que era uma campanha piloto, ou seja, uma espécie de teste, e tirou a peça do ar.
Nas redes sociais, o presidente foi desmascarado e um vídeo mostra de onde as fotos foram tiradas. A foto atribuída à Dona Maria Eulina, por exemplo, pode ser encontrada no site iStock, basta procurar por “mulher idosa feliz”. Já a imagem do suposto Francisco Valmar, outro rosto com quem Bolsonaro finge conversar na propaganda, está no site Shutterstock – é só procurar por “pessoa velha em fábrica”.
Confira o vídeo: