Em quatro anos, estado de São Paulo perdeu 122 mil servidores públicos
Áreas mais afetadas são educação, saúde, mobilidade urbana e segurança pública. No mesmo período, gasto com terceirizados aumentou R$ 1,4 bilhão
Publicado: 30 Novembro, 2018 - 09h26 | Última modificação: 30 Novembro, 2018 - 09h29
Escrito por: Rodrigo Gomes, da RBA
Entre 2011 e 2017, o estado de São Paulo perdeu 122,4 mil servidores públicos ativos. O número de trabalhadores foi reduzido de 734,5 mil para 602,5 mil, nas mais diversas áreas. As mais afetadas são educação, saúde, mobilidade urbana e segurança pública. No mesmo período, o gasto com trabalhadores terceirizados aumentou de R$ 10 bilhões para R$ 11,4 bilhões por ano. Para a líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputada Beth Sahão, essa situação é resultado de descaso com os servidores e do interesse do governo paulista em desestruturar serviços públicos para repassá-los à iniciativa privada.
“Essa redução prejudica muito o atendimento à população, tanto nos serviços que já existem, como naqueles que estão sendo criados. Foram inaugurados novos hospitais, novas Faculdades de Tecnologia (Fatecs) nesse período. Mas o número de servidores não acompanhou a nova demanda, pelo contrário, foi reduzido. Essa não é uma medida aleatória, é uma política dos governos do PSDB em São Paulo, para justificar o repasse da gestão para uma organização social. É uma tragédia para a população”, explicou a deputada.
Na Secretaria de Estado da Saúde, 8.869 servidores deixaram seus postos, apenas nos últimos quatro anos. Nas Fatecs, outros 871 trabalhadores deixaram os cargos. Na Secretaria de Estado da Educação foram mais 77.973. “Há muitos casos de aposentadoria, mas também de pessoas que não aguentam os baixos salários, a situação precária dos locais de trabalho. Não são robôs, são pessoas que precisam ser valorizadas. O governo paga pouco e compensa com gratificações, que não pesam na aposentadoria”, disse Beth.
A deputada ressaltou que o alto número de baixas na educação também se deve ao fechamento de salas de aula pela gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo levantamento do Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), cerca de 900 salas foram fechadas. “Juntaram várias salas, reduzindo o número de professores necessários e mantendo a péssima condição dos estudantes assistirem aulas em salas lotadas”, afirmou.
Na área de mobilidade urbana, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), que teve algumas de suas linhas concedidas à iniciativa privada este ano, perdeu 460 funcionários nos últimos quatro anos. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) perdeu quase o dobro: 846. Já a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) teve redução no quadro de 147 trabalhadores.
Outra empresa pública que perdeu muitos funcionários foi a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Mesmo no período em que a Região Metropolitana da capital paulista teve uma severa falta de água, a companhia reduziu o quadro em 750 funcionários. Voltando à saúde, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo perdeu 1.545 trabalhadores. E mesmo na segurança pública houve redução. A Policia Militar do Estado de São Paulo, que tem o maior efetivo do país, viu seu quadro ser reduzido em 3.579 agentes desde 2014.
O governo de São Paulo não se manifestou.