Em São Paulo, mulheres alertam golpistas: é só o começo
Ato no Dia Internacional de Luta da Mulher aponta reação diante de roubos como a reforma da Previdência
Publicado: 08 Março, 2017 - 20h19 | Última modificação: 08 Março, 2017 - 21h13
Escrito por: Érica Aragão, André Accarini e Luiz Carvalho
O Centro de São Paulo parou na tarde deste Dia Internacional de Luta da Mulher para dizer aos golpistas que a resistência diante dos ataques a direitos trabalhistas e sociais vai ganhar tons ainda mais fortes a partir de agora.
Desde o início da tarde, organizações dos movimentos sindical, como a CUT, e sociais reuniram uma multidão de mulheres, estimadas em 60 mil pela organização do evento, que marcharam da Praça da Sé até o Viaduto do Chá.
No caminho encontraram profissionais do magistério que, em assembleia no vão livre do Masp, decidiram cruzar os braços no próximo dia 15 contra o roubo da aposentadoria proposta pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).
Os profissionais da educação votaram também o repúdio à Reforma da Previdência e rejeitaram a apresentação de qualquer emenda ao projeto do governo.
Aos gritos de "nem recatada e nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar", manifestantes como Angelina Dias da Silva, que viajou de Campinas para participar dos protestos, demonstravam que a luta contra a Reforma da Previdência já chegou à boca do povo.
“A retirada de direitos pelo governo vai prejudicar mais os trabalhadores mais pobres e as mulheres, que tem três jornadas. Aquela que chega do trabalho, tem que cuidar dos filhos e tem serviço em casa”, falou.
Agora é o dia 15
Além da fundamental batalha pela igualdade de gênero, a autonomia sobre os corpos foi outro ponto presente na manifestação. Em tempos de retrocesso, esse é um eixo fundamental para combater a violência contra elas, apontou a Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista.
“As mulheres saíram às ruas do país pelo combate à violência de gênero, pela autonomia dos nossos corpos, pela legalização do aborto, mas, sobretudo, concluíram que a Previdência é muita cara, principalmente para as mulheres. Então, hoje gritamos reaja ou morra trabalhando. Esse foi um esquenta para o próximo dia 15”,disse.
Para a secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da Central, Janeslei Albuquerque, a reação feminista será fundamental para vencer o que ela chama de segunda fase do golpe. “Estamos enfrentando a segunda fase ou a realidade concreta do golpe, que é o ataque brutal aos direitos da classe trabalhadora”, apontou.
A marcha seguiu até a sede da prefeitura de São Paulo, aos gritos de ‘fora Dória’, prefeito ‘homenageado’ por acabar com a secretaria e as políticas públicas voltadas às mulheres.
Na visão da manifestante Isabela Riza, o dia não é de rosas e de celebração, mas de luta. “Essa é uma data de luta e lembrança de todas as mulheres que vieram antes de nós e de temas que ainda precisam ser trabalhados, como o parto humanizado e a descriminalização do aborto. A criminalização não impede que aconteça, apenas faz a mulher morrer”, diz.
Dirigente de base rural, a secretária de Formação da CUT, Rosane Bertotti, lembrou justamente das rurais, que terão de trabalhar cinco anos a mais, caso a reforma de Temer passe.
“As campesinas acordam muito cedo, labutam, tem tripla jornada e agora são vítimas de um desrespeito. Coisa de quem não sabe que no ambiente rural a gente começa a trabalhar muito mais cedo”, definiu.