Escrito por: Redação CUT

Em situação dramática Manaus instala câmara frigorífica para os mortos em hospitais

Mais de 212 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o Amazonas e mais de 5,7 mil já morreram com a doença

Prefeitura de Manaus

Falta de leitos, superlotação de hospitais e abertura de valas em cemitérios, essa é a situação dramática que Manaus enfrenta com a segunda onda da Covid-19. Somente neste domingo (10), foram 27 mortes em casa e 144 sepultamentos nos cemitérios da capital do Amazonas, segundo a imprensa local.

A pandemia fez o governo voltar a instalar em hospitais de Manaus câmaras frigoríficas. A ideia, segundo o secretário da saúde, Marcello Câmpellus  é que caixões sejam colocados nos frigoríficos para serem enterrados no dia seguinte, caso a demanda esteja alta.

"Nós vamos colocar duas ou três câmaras frigoríficas, se precisar que o corpo fique nela pra sepultar no outro dia, não na pressa", disse.

Do total de sepultamentos, 105 foram nos espaços gerenciados pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp). Não houve opção pelo serviço de cremação, assim como também não ocorreu o registro de óbito oriundo de outra cidade. Já nos cemitérios particulares, 39 enterros foram realizados.

Entre as causas das mortes do total de sepultamentos nos cemitérios públicos da capital, 38 foram declaradas como Covid-19, e quatro casos suspeitos. Já nos espaços privados foram 24 registros de óbitos pelo novo coronavírus.

Após o aumento de internações de casos graves e mortes, o secretário Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Sabá Reis, informou que Manaus não voltará a ter enterros em valas comuns diante do aumento de sepultamentos.

A média diária de enterros na capital teve alta de 80%. Ele lembrou que a média de mortes vem aumentando em Manaus, que teve 130 enterros apenas no sábado (9). O recorde foi no dia 26 de abril, quando 140 pessoas foram sepultadas.

Apelo

A amazonense Vera Lúcia, 60 anos, afirma que a situação é desesperadora e que o medo de sair de casa só aumentou nos últimos dias. “Não há vaga em hospitais públicos e nem nos particulares. O governador está pedindo até pelo amor de Deus para ninguém sair de casa, só em casos essenciais”, afirmou.

A situação é dramática, enfatizou o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que apelou  que a população amazonense fique em casa, evite aglomerações e usem máscaras. Lima também pediu ajuda ao governo federal e a outros estados para ampliar o fornecimento de oxigênio líquido para a rede estadual, Em Manaus não há oxigênios nas UTIs.

"Nos últimos dois meses, saímos de 457 para 1.164 leitos. Isso ocasionou um aumento do consumo de oxigênio líquido nas unidades de saúde do estado, que passou de 176 mil para 850 mil metros cúbicos por mês. Hoje, as empresas que fornecem oxigênio para o estado não conseguem suprir essa demanda", afirmou o governador, em post no Instagram.

O número de pessoas infectadas ultrapassou no sábado (9), 212 mil em todo o Amazonas, e mais de 5,7 mil já morreram com a doença. O número de internações também vem crescendo em todo o estado, segundo dados da FVS. Só nos 9 primeiros dias de janeiro, o estado contabilizou 1.580 internações. O número se aproxima do total de internações feitas em dezembro, que foi de 1.589.

O novo surto da Covid-19 que a cidade vive fez o estado bater o recorde diário de internações em um único dia. Foram 235 novas hospitalizações, número mais alto registrado no Amazonas desde o início da pandemia, mesmo com o colapso na rede de saúde, vivido entre abril e maio de 2020. Cerca de 228 novas internações aconteceram só na capital.

Pazuello visita Manaus

Em visita a Manaus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, declarou, nesta segunda-feira (11), que a solução para a crise vivenciada em Manaus (AM) em relação ao colapso da rede de saúde é diminuir a entrada de outras doenças nos hospitais. 

Pazuello foi ao estado para anunciar medidas de enfrentamento ao novo coronavírus. . Entre as ações que serão anunciadas estão a reorganização do atendimento nos postos de saúde e hospitais, o recrutamento de profissionais de saúde e a abertura de leitos de UTI, além do envio de equipamentos, insumos e medicamentos.

O estado do Amazonas registra mais de 213.961 casos confirmados da doença e 5.701 mortos pela Covid-19.