Escrito por: Redação CUT
Desde o dia 5 de maio, há 34 dias, que o Brasil não registrava um número tão alto de mortes
Com 2.693 mortes registradas nas 24 horas entre a segunda-feira (7) e a terça-feira (8), o maior número desde o dia 5 de maio, o Brasil ultrapassou 477 mil vidas perdidas pela Covid-19 desde o começo da pandemia – o país contabiliza 477.307 óbitos e 17.038.260 casos.
E a tendência que alta indica já pode ser um sinal de que o Brasil entrou na terceira onda da pandemia do novo coronavírus, segundo Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
“Ainda não dá para dizer que entramos na terceira onda, mas pode ser que estejamos vendo ela começar agora mesmo”, afirmou.
Há 34 dias o Brasil não registrava um número tão alto de mortes, lembrando que número elevado foi impulsionado por dados represados no final de semana e pelo feriado de Corpus Christi, na última quinta-feira (3) e que, geralmente, às terças-feiras os dados são maiores do que nos outros dias da semana.
A soma da lenta vacinação, reabertura prematura da economia e o potencial da variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, preveem uma nova onda duríssima da pandemia.
Especialistas avaliam que a chegada de uma terceira onda em junho ou julho pode ser ainda mais letal que as duas primeiras, visto que parte de um platô muito mais alto, com média móvel de cerca de 2.000 mortes diárias.
Outros especialistas avaliam que não se pode falar em ondas porque nunca o Brasil, nesses 16 meses de pandemia, conseguiu controlar o vírus. O que aconteceu é que o país surfou no vírus até a queda mínima de mortes e casos.
Ao contrário do que ocorreu em países europeus que conseguiram frear o vírus com medidas rígidas como o lockdown, os cientistas e especialistas da área da saúde atribuem o fracasso do controle da pandemia ao presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) e sua campanha contra o isolamento social e uso de máscaras.
O pico de mais dramático da pandemia de Covid-19 no Brasil foi em abril, quando o país registrou 4.000 mortos em um único dia, quase todos os governadores voltaram a adotar o fechamento de serviços não essenciais e toques de recolher noturnos.
Mas os números começaram a cair, e as medidas foram relaxadas, segundo os especialistas, de forma prematura, enquanto o país de 212 milhões de habitantes se aproxima do meio milhão de mortos e apresenta uma das maiores taxas de mortalidade por 100.000 habitantes do mundo, mais de 220.
Mortes de pessoas abaixo de 60 anos
Com o avanço da vacinação entre idosos, pela primeira vez na pandemia, o Brasil registrou mais mortes entre crianças, jovens e adultos do que de pessoas a partir de 60 anos, segundo o jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com os dados dos cartórios de registro civil, responsáveis pelas certidões de óbito, entre os dias 30 de maio e 5 de junho, 53,6% dos óbitos de Covid-19 no país foram de vítimas até 59 anos de idade. Na semana anterior, essa média havia ficado em 49% —e era a maior até então.
Segundo o portal da transparência da Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais, 7.499 mortes ocorreram na semana 22 em decorrência do novo coronavírus.
Para efeito de comparação, na última semana antes do início da vacinação no país, entre 10 e 16 de janeiro, 77,5% das mortes registradas foram de vítimas com 60 anos ou mais e apenas 22,5% entre jovens e adultos. Em 2020, a participação de mortes na faixa etária dos 60 anos ou mais foi de 76%.
Maioria dos faltosos na 2ª dose têm dificuldade para sair de casa
Muitas pessoas idosas que ainda não tomaram a segunda dose da vacina têm dificuldade de sair de casa em São Paulo. Até domingo (6), cerca de 100 mil pessoas ainda não haviam tomado a segunda dose da vacina contra a Covid-19 na cidade. A grande maioria delas não é negacionista nem esquecido. São pessoas com alguma dificuldade para sair de casa.
Em ação conjunta com o governo estadual, a prefeitura de São Paulo conseguiu diminuir o número de atrasados quase pela metade em uma semana. De 197 mil na segunda (31) para cerca de 100 mil no domingo.