Escrito por: Redação RBA
“O povo está sofrendo por opções de políticas econômicas equivocadas”, contesta diretor do Sindipetro-SP. Com dolarização do petróleo, gasolina e óleo diesel subiram perto de 160% ante 30% da inflação de 6 anos
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os sindicatos da categoria, que estão alinhados com a CUT para a formação de comitês de reconstrução da democracia brasileira em todas as regiões do país, estão preparando mobilizações para canalizar a revolta da população diante de mais um aumento nos preços dos combustíveis, que ontem (10) provocou corrida aos postos.
A informação é do diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) João Antônio de Moraes. Em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual, ao comentar a notícia da “corrida aos postos de gasolina”, às vésperas do aumento nesta sexta, o petroleiro destacou que “na verdade os brasileiros precisam correr para as ruas para botar esse governo para correr, tirar ele de lá”, se referindo ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que manteve a política de preços da Petrobras implementada pelo ilegítimo Michel Temer (MDB).
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Coordenador da Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia e ex-coordenador geral da FUP, Moraes destacou que “o povo está sofrendo por opções de políticas econômicas equivocadas de seguidos governos que não têm compromisso com a nossa gente. Não é verdade que o gás de cozinha tem que custar o que está custando, é mentira. Só está custando isso para colocar R$ 100 milhões de dividendos no bolsa de meia dúzia, quando 200 milhões de pessoas passam necessidades”, contestou.Fim da PPI
A Política de Preço de Paridade de Importação (PPI) repassa quase integralmente para o mercado interno as variações do preço internacional do petróleo. De acordo com o diretor do Sindipetro, sem a PPI, o Brasil teria condições de administrar os preços dos combustíveis, com a Petrobras, e sem repassar ao consumidor, como fez nos anos 1970, observa ele, com o “choque do petróleo”.
Para isso, o dirigente cobrou o fim da atual política de preços, atrelada ao dólar. Assim como alertou para o desmonte da estatal, que vem sendo fatiada de Temer a Bolsonaro. Segundo ele, o País “abriu mão de sua soberania para facilitar a vida dos especuladores”, como chama os acionistas da Petrobras, que deverão receber mais de R$ 100 bilhões em lucros e dividendos relativos a 2021.Em paralelo, a subseção do Dieese na FUP calcula que, de outubro de 2016 a março de 2022, a inflação geral do Brasil esteve em torno de 30%. Enquanto que a gasolina e o óleo diesel subiram perto de 160%. Já o gás de cozinha registrou alta ainda maior, de 350% nos últimos seis anos. O que está diretamente relacionado à PPI.
Mobilização nas ruas
“Temos feito campanhas grandes de venda de gás de cozinha a preços mais acessíveis para a população e até da gasolina. Geralmente a alta desse derivado afetava mais a população de renda mais alta. Mas hoje ela atinge uma população já muito sacrificada, que são os trabalhadores de aplicativo. Uma gente que se sacrifica muito nas ruas para entregar a comida de outras pessoas mas que, no final do dia, não tem a comida para levar para casa. Estamos fazendo esse trabalho para mostrar que é possível uma política diferente. E a saída é essa mesmo, pelas ruas”, ressalta Moraes.
“Nos próximos dias e meses estamos empenhados na construção desses comitês e na mobilização da população brasileira. São as únicas saídas para de fato encostar Bolsonaro e Paulo Guedes na parede e obrigar eles a mudarem. Porque não temos dúvida de que, por opção, eles não farão. Eles têm muito mais compromisso com os especuladores e outras nações. O Brasil reduz a produção de refinarias nacionais para comprar combustível dos Estados Unidos. Estamos desempregado o nosso povo, paralisando refinarias”, adverte o diretor do Sindipetro.
Confira a entrevista