Escrito por: Redação RBA
'Tem índios que falam nossa língua muito bem, que tem nossos costumes. Não queremos que atrapalhem o desenvolvimento da nação', disse o presidente eleito, ao defender o fim de reservas indígenas
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) fez um vídeo nesta quarta-feira (12) no Facebook para falar sobre temas relacionados ao meio ambiente. Fez ataques ao Ibama e a políticas ambientais brasileiras. Disse que o órgão comete multas abusivas e que as licenças ambientais são muito rigorosas e prejudicam o país.
“Licença ambiental atrapalha prefeito, governador e presidente. Se quer rasgar uma estrada, não pode. Isso acontece muito na Região Amazônica. Vamos botar um ponto final nisso para que a política ambiental não atrapalhe o Brasil”, disse. Esse vídeo, de acordo com o político de extrema-direita, é o primeiro de uma série. Ele afirmou que pretende fazer as transmissões semanalmente.
Bolsonaro falou sobre a não realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 21. Disse que o evento é caro e "não vale a pena" para o país. Ele criticou ainda o Acordo de Paris, sobre metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e de minimização do aquecimento do planeta, e disse que vai propor mudanças no texto.
“Entre as exigências, exige que o Brasil faça um reflorestamento enorme”, reclamou. Segundo Bolsonaro, área a ser reflorestada equivaleria a duas vezes o estado do Rio de Janeiro. “Não temos como cumprir essa exigência”, continuou, “Por que permanecer em um acordo possivelmente danoso.”
Em sua fala, defendeu a redução das reservas indígenas, especialmente em Roraima. Disse que pretende adotar políticas mais agressivas de exploração do meio ambiente no estado. “Roraima não pode continuar um espaço que não pode ser mexido. Tem que mexer”, afirmou, ao defender a atividade mineradora.
“No subsolo de Roraima existe uma tabela periódica. Níquel, urânio, ouro, nióbio. Tem que poder trabalhar sua terra (...) Cabem algumas hidrelétricas no Vale do Rio Poti. Com todo respeito ao meio ambiente, gerar energia para quem não tem”, concluiu sobre o tema.
‘Índio pré-histórico’
Ao defender o fim de áreas de reservas indígenas, afirmou que os povos originários brasileiros devem se submeter à cultura dominante. “Por que no Brasil o índio deve ser pré-histórico? Quero que se integrem à nossa sociedade. Tem índios que falam nossa língua muito bem, que tem nossos costumes. Isso que queremos, não queremos que atrapalhem o desenvolvimento da nação.”
Outro tema abordado por Bolsonaro foi a questão da imigração. Atacou a legislação brasileira, que aceita imigrantes sem maiores dificuldades. “Há algum tempo, os países da Europa querem se livrar... Olha como está a França, a Baviera, na Alemanha. Todos somos imigrantes, mas já somos uma nação, uma pátria. Não podemos escancarar a porta.”
“Não podemos admitir aqui chegar gente de uma determinada cultura e querer casar com nossas netas de 10 anos de idade. Não queremos gente que não respeite religião”, afirmou.
Ao mencionar os escândalos de movimentações financeiras suspeitas envolvendo assessores que servem em seu gabinete e no de seu filho, Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio, foi lacônico. “Temos o problema do nosso assessor. Não sou investigado nem meus filhos. Ele será ouvido pela Justiça e espero que dê os esclarecimentos. Se algo estiver errado, paguemos a conta deste erro, que não podemos comungar com erro de ninguém. Estou aberto a qualquer pergunta sobre esse assunto.”