Emergência na Regap comprova riscos da drástica redução de efetivos na Petrobras
No início deste mês, ocorrência com alto potencial de tragédia em um setor da Refinaria expôs o problema que afeta os petroleiros e a comunidade que vive no entorno da Regap
Publicado: 17 Agosto, 2020 - 10h46 | Última modificação: 17 Agosto, 2020 - 11h36
Escrito por: Redação CUT
O Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG) vem denunciando pelo menos desde maio deste ano, os riscos de operações feitas na Refinaria Gabriel Passos (Regap) com número de trabalhadores abaixo do mínimo estabelecido. E uma emergência ocorrida no início deste mês revelou que os sindicalistas têm razão em temer uma tragédia que pode atingir os petroleiros e a comunidade que vive no entorno da Regap.
“A economia em postos de trabalho é insignificante perto do risco que correm tanto a força de trabalho quando a comunidade vizinha”, afirma o coordenador do Sindipetro-MG, Alexandre Finamori.
Em postagem em sua página no Instagram, o dirigente acusa a gestão da Regap de ser criminosa e denuncia a irresponsabilidade da gerência local em sua política de redução do efetivo mínimo de segurança na Refinaria.
“Precisamos lembrar a todo momento que essa lógica de gestão, que economiza em de mão de obra e provoca sucateamento, levou a Vale a praticar o maior crime ambiental que Minas vivenciou”, afirma.
Na última quinta-feira (6) foi registrada uma ocorrência com alto potencial de tragédia no Setor HDT, que escancarou o problema da redução do efetivo. Além disso, o incidente derrubou os argumentos hipócritas da gerência local, justificados apenas por uma lógica: sucatear para privatizar, acusa o Sindipetro-MG.
Durante uma ocorrência operacional de parada das unidades de produção de hidrogênio, um operador da área (gasolina) foi chamado para operar no painel do Diesel 1, que naquele momento contava com mais um operador em treinamento.
Antes da redução do número mínimo, atuavam seis operadores no painel e outros seis na área. Após a redução, ficaram somente quatro no painel. Ou seja, além dos quatro trabalhadores previstos no número mínimo, havia mais um em treinamento e outro foi convocado às pressas para ajudar na emergência.
Além de deixar a área desprotegida, ao subir com um operador para o painel, a ocorrência revelou que a redução não atende as exigências de segurança, deixando evidente que o número mínimo ideal de operadores na HDT é seis. Para piorar a situação, as unidades são muito diferentes entre si e os operadores têm conhecimentos diferentes.
Denúncia
Em setores como HDT e Unidade de Destilação de Petróleo (DH) houve a redução do número mínimo. Já no setor de Craqueamento Catalítico Fluidizado (CCF) oficialmente não houve redução do número mínimo, mesmo assim as equipes trabalham frequentemente abaixo do número mínimo de segurança.
Alto potencial de risco
A redução do número mínimo coloca em risco a operação das unidades operacionais da Refinaria, que envolvem grandes acidentes que podem ocasionar tragédias.
O pior cenário de tragédia envolve o Craqueamento Catalítico Fluidizado (CCF), também conhecido como Secra. Uma falha nesse setor pode gerar uma devastação que extrapola a Refinaria, chegado até o bairro Riacho das Pedras em Contagem.
Só o vazamento da mistura de gás combustível e sulfeto de hidrogênio (H2S) na HDT, pode resultar em uma nuvem tóxica fatal. A contaminação pode atingir um raio de 850 metros, afetando grande parte da força de trabalho e comunidades no entorno da refinaria, como é o caso dos bairros Petrovale, Petrolina e Cascata, em Ibirité.
Tragédia no Líbano
Com alto potencial de destruição, tragédias desse tipo devastam comunidades inteiras. Este mês, o mundo inteiro acompanhou a repercussão da megaexplosão no porto de Beirute, Líbano. Foram quase 200 mortos, mais de 100 desaparecidos, 6 mil feridos e uma cratera de 43 metros de profundidade, além de altos níveis de poluição liberados na atmosfera.
Diante desse cenário, o Sindicato alerta para o alto potencial de tragédia em caso de falhas na operação da Regap. Por isso, o Sindipetro/MG exige que a gerência da Refinaria aplique o número mínimo seguro.
Com informações da imprensa do Sindipetro-MG.