Empresário bolsonarista afirma que demitiu 13 porque vão votar em Lula
Ruan Davi é importador e blogueiro; o advogado Marco Aurélio Carvalho explica à Fórum os crimes em que as demissões se enquadram
Publicado: 11 Outubro, 2022 - 13h14 | Última modificação: 11 Outubro, 2022 - 13h25
Escrito por: Julinho Bittencourt, da Revista Fórum
O empresário Juan Davi, proprietário de uma importadora, soltou um vídeo em suas redes sociais em que afirma ter demitido de 12 a 13 funcionários que, segundo ele, iriam votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Olha, esse recado aqui vai pra galera que é de esquerda. Acabei de chegar na empresa e eu descobri aqui, tinha aí de 12 a 13 pessoas – vou até mandar 13, se tiver 13 é melhor ainda que vai um número de esquerdista aqui – que a galera ia votar no Lula. Acabei de fazer a demissão deles agora”, afirmou.
Juan diz ainda: “e você que é de esquerda, abre um CNPJ aí que vocês não gostam de trabalhar e chama no privado aí que eu vou mandar o contato de todo mundo aí pra vocês contratarem e, inclusive, pagarem R$ 10 mil de salário. O que vocês acham aí? Bora!”, encerrou.
Ruan Davi, dono de importadora, afirma que demitiu 12 funcionários porque iam votar no Lula; a prática configura crime de coação pic.twitter.com/YyFu5evhYD
— Julinho Bittencourt (@JotaBittencourt) October 11, 2022
Crime eleitoral e assédio moral
O advogado Marco Aurélio Carvalho, fundador da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e do Grupo Prerrogativas, disse à Fórum que a prática configura crime. “Bolsonaro e os empresários alinhados com ele podem responder por abuso de poder econômico e isso seguramente vai trazer consequências de natureza eleitoral”, alertou.
O jurista disse ainda que, “para além disso, essa relação contratual tem que ser analisada à luz do Direito Trabalhista e pode ser configurada uma espécie de assédio moral”. De acordo om ele, há a possibilidade concreta de responsabilização do Bolsonaro e dos empresários que o apoiam por abuso do poder econômico e há também a possibilidade concreta de instauração de um procedimento investigatório pra apurar eventual assédio moral. Na minha opinião, esse assédio moral é claro nessa relação trabalhista, no vínculo hierárquico, em uma relação de força, enfim, é um assédio moral induvidoso que pode gerar uma indenização pros trabalhadores que foram atingidos por essa medida absurda”, conclui.
Empresa e canal no YouTube
Além da importadora, Juan Davi é dono de um canal no YouTube. Em sua conta do Instagram, em que se diz “o maior importador do Brasil”, ele posta vários vídeos com ofensas a Lula e outros em apoio a Bolsonaro.
A Fórum procurou o empresário, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem. Assim que ele se pronunciar, sua resposta será acrescentada aqui.