Escrito por: Redação CUT

Empresário tortura dois trabalhadores a pauladas e com ferro quente em Salvador

Um deles teve o número 171, estelionato de acordo com o Código Penal Brasileiro, gravado a ferro quente na mão. O patrão evangélico os acusou de terem roubado R$ 30. CUT-BA divulgou nota repudiando tortura     

Reprodução/TV Bahia

Dois trabalhadores baianos denunciaram à Polícia Civil da capital, e comprovaram com um vídeo gravado no local (assista abaixo), que foram torturados por um empresário evangélico, identificado como Alexandre Carvalho Santos, que os acusou de terem furtado R$ 30 da loja em que trabalhavam próximo à Estação da Lapa, no Centro de Salvador.

Nas mãos de uma das vítimas o torturador escreveu com o ferro de passar o número 171, em referência ao artigo do Código Penal Brasileiro sobre estelionato. O trabalhador ainda disse que foi obrigado a usar vestido enquanto era filmado por outro empresário ainda não identificado pela polícia. As imagens da agressão foram compartilhadas em um aplicativo de troca de mensagens.

"Ele falou: 'eu só não vou queimar sua testa porque você já é feio. Com a testa queimada vai ficar mais feio ainda, então vou queimar na mão'", disse William de Jesus, de 21 anos, um dos jovens torturados em entrevista à TV Bahia.

O jovem trabalhador disse à reportagem que teme o julgamento das pessoas por causa da marca que agora carrega nas mãos e negou o furto. "Eu nunca precisei roubar nada, sou trabalhador, todo mundo me conhece. Agora, corro o risco de alguém acreditar que sou ladrão porque estou com as mãos marcadas. Eu consegui fugir e passei o maior vexame porque estava de vestido de mulher na rua. Eu chorava muito, ele dava risada de gozação, ainda disse que eu iria voltar para o tempo da escrava Isaura", relatou.

O outro jovem torturado com pauladas nas mãos Marcos Eduardo, disse, também em entrevista à TV, que está traumatizado. "Eu não durmo direito, me assusto de madrugada porque ele me ameaçou de morte. Falou que, se não tivesse gostado [da tortura], era para dar queixa".

Reprodução/TV Bahia

A CUT-BA divulgou nota repudiando a tortura e exigindo uma investigação rigorosa do ambiente de trabalho onde ocorreu a tortura, que comparou a “uma senzala colonial, onde todas as formas de horror contra a vida são naturalizadas e amplamente divulgadas, impunemente”.

Leia aqui a íntegra da nota da CUT-BA.

O crime contra os trabalhadores aconteceu no dia 19 de agosto, mas só foi denunciado à Polícia Civil na sexta-feira (26). Os dois trabalhadores torturados e o agressor prestaram depoimento em delegacia. O homem que filmou a tortura também deve ser ouvido pela polícia, assim que for identificado.

As imagens mostram Alexandre dizendo que descobriu que os funcionários estavam roubando. Em um trecho ele diz: "Mais um ladrão aqui, mais um ladrão pessoal. Trabalhou para mim, a gente deu moral e confiança, e ele metendo a mão no dinheiro".

IMAGENS FORTES Funcionários de loja são torturados com ferro quente pelo patrão em Salvador https://t.co/lfdSgjRS2r pic.twitter.com/MYRZXhUvcf

— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) August 26, 2022

IMAGENS FORTES Funcionários de loja são torturados com ferro quente pelo patrão em Salvador https://t.co/lfdSgjRS2r pic.twitter.com/MYRZXhUvcf

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