Escrito por: Redação CUT
Defensores do golpe em 2014 eram também os defensores da retirada de direitos previdenciários e trabalhistas, salários baixos e mais exploração do trabalhador, como a CUT sempre alertou
Um grupo de empresários, entre eles, Luciano Hang, dono da franquia Havan, trocou mensagens no WhatsApp defendendo um golpe de Estado caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) perca as eleições, como indicam todas as pesquisas de intenções de voto que mostram o ex-presidente Lula (PT) na liderança.
É mais uma ameaça à democracia e os direitos sociais e trabalhistas, afirma o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas. “Empresários e parlamentares por eles bancados que defenderam o golpe em 2014 foram os mesmo que defendiam e defendem a retirada de direitos previdenciários e trabalhistas, salários baixos e mais exploração do trabalhador, como a CUT sempre alertou", reagiu o dirigente.
De acordo com reportagem publicada no site Metrópoles nesta quarta-feira (17), o grupo também debateu propostas de violação da lei eleitoral e ataques a instituições.
Veja quem são os empresários golpistas
O grupo de empresário que defende o golpe de estado é formado por:
- Luciano Hang, dono da Havan
- Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu
- José Isaac Peres, dono da rede shoppings Multiplan
- José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro
- Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e.
- Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.
Os empresários temem que, com uma vitória eleitoral do PT, seus negócios possam ser prejudicados. Nas capturas de tela exibidas na matéria, o proprietário do shopping fluminense Barra World, José Koury, chega a afirmar que prefere “um golpe do que a volta do PT”, e que “com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”.
A história de Luciano Hang, lider do grupo, desmentea falsa tese de Koury. Apesar das críticas ao PT, foi nos governos petistas que o empresário construiu o seu império. A rede saltou de meia dúzia de lojas que possuía no Paraná e em Santa Catarina para cerca de cem no último ano do governo Dilma Rousseff. Em 2011, a Havan inaugurou 15 lojas, em 2012 alcançou a marca das 50, e em 2013, expandiu suas fronteiras para São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Só em 2014, a empresa abriu 24 megalojas em Minas, Rondônia e Pará.
Marco Aurélio Raymundo, proprietário da marca de lojas Mormaii, ainda afirma que “o Sete de Setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está”, além de defender o uso da violência em favor de Bolsonaro e anunciar que fez a compra de “milhares de bandeirinhas” para que fossem distribuídas em suas lojas.
Ataques ao judiciário também são rotineiros, em especial aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Empresários como Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e José Isaac Peres, sócio da gestora de shoppings Multiplan, se pronunciam constantemente contra o uso de urnas eletrônicas e exigindo a imposição do voto impresso.
Aval de Bolsonaro
O conteúdo das mensagens trocadas entre os empresários pouco difere dos discursos adotados por Jair Bolsonaro. Tentativas de deslegitimar o sistema eleitoral são uma constante de sua retórica, como na reunião que convocou com embaixadores em julho para apresentar informações falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas, e em seus constantes ataques às decisões do STF, em especial do ministro Alexandre de Moraes.
A associação de uma vitória eleitoral de Lula e dos candidatos do PT a um retrocesso econômico também é prática recorrente de Bolsonaro. O mesmo vale para seu relacionamento com o Exército: o presidente constantemente se utiliza da função de comandante das forças armadas para intensificar seu atrito com o TSE, contando com apoio do ministro da defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, na empreitada.
Golpe é sempre contra trabalhadores
Durante a tramitação do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), a CUT alertou infinitas vezes que o golpe era contra a classe trabalhadora.
Na época, os deputados e empresários que defendiam o impeachment de Dilma estavam a frente de propostas que tiravam direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, como a lei da terceirização na atividade-fim - Projeto de Lei (PL) nº 4330, aprovado no Congresso Nacional que possibilitou demissão de trabalhadores com contratados diretos e contratação de terceirizados com metade dos salários e benefícios.
No governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), esses defensores do golpe tentaram acabar com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), alterando o artigo 618 da Constituição, que a CUT conseguiu barrar.
São os mesmos que defendem a jornada de trabalho flexível para que o empresário possa adequar a jornada às suas necessidades.
Em 2014, o vice-presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, defensor do golpe, falou que esse era o momento de flexibilizar direitos trabalhistas, que nos EUA o trabalhador almoça com uma mão e opera máquina com outra.
Depois do golpe de 2016, com apoio de empresários como esses que voltam a defender golpe de estado, o Congresso aprovou a reforma Trabalhista que acabou com mais de 100 itens da CLT e a reforma da Previdência, que tirou de milhões de trabalhadores o direito à aposentadoria. Vão trabalhar até morrer.