Encontrado o corpo de Santiago Maldonado na Argentina

Foi identificado na sexta-feira (20) o corpo do tatuador Santiago Maldonado, de 28 anos, cujo desaparecimento há quase três meses chocou a Argentina. O corpo estava no rio Chubut, no meio das extensas terras da Patagônia argentina.

O juiz que cuida do caso disse que a autópsia realizada determinou que ele não tinha ferimentos.

No entanto, a causa da morte ainda é desconhecida.

"Pudemos olhar o corpo, o que reconhecemos foram as tatuagens de Santiago, por isso estamos convencidos de que é Santiago", disse Sergio, seu irmão, à mídia. [Fonte: BBC]

O corpo havia sido encontrado na terça-feira, na província de Chubut, no sul do país, onde o artesão e ativista foi visto em 1º de agosto pela última vez durante um protesto mapuche.

Não se sabe ainda a causa da morte. No entanto, testemunhas afirmam que Maldonado foi visto pela última vez em uma manifestação a favor dos mapuches, quando teria sido preso e jogado dentro de um carro da polícia.

Seu desaparecimento provocou verdadeira comoção na Argentina, que ainda não se recuperou da sangrenta ditadura militar naquele país.
 

No Brasil, continua desaparecido o corpo do pedreiro Amarildo de Souza, quatro anos após sua morte sob tortura por policiais militares na Rocinha, Rio de Janeiro.

Sua família até hoje não teve direito ao corpo para providenciar o enterro digno. Tampouco recebeu a indenização que o estado lhe deve.
 

Em junho do ano passado, a 4ª Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro definiu o pagamento de R$ 3,5 milhões à mulher e aos filhos de Amarildo, mas, após recursos, a sentença aguarda a deliberação dos desembargadores da 16ª Câmara Cível.
Os magistrados deverão julgar um recurso da família, que pede aumento da indenização; e um do estado, que requer o contrário. Segundo o advogado Eduardo Cruz, um dos que atua no caso, mesmo se não houvesse recurso, a decisão precisaria ser confirmada pelos desembargadores, porque envolve dinheiro público. [Fonte: Agência Brasil]

Onde está Amarildo?

Comunicado oficial da família de Santiago Maldonado, 20 de outubro.

O corpo encontrado no Rio Chubut é o de Santiago.

Terminou a incerteza sobre seu paradeiro. O calvário que nossa família iniciou, no mesmo dia em que soubemos de seu desaparecimento, não terminará até que se faça Justiça.

Muito pouco podemos dizer sobre nossos sentimentos diante da confirmação da identidade de Santiago: essa dor não sabe usar palavras.

As circunstâncias do aparecimento do corpo geraram em nós muitas dúvidas. Acreditamos que é o momento de avançar com firmeza na investigação e deixar que o juiz Lleral trabalhe sem pressões. Necessitamos saber o que aconteceu com Santiago e quem são os responsáveis pela sua morte. Todos. Não somente quem são os que lhe tiraram a vida, senão também quem são os que, por ação ou omissão, colaboraram para o encobrimento e prejudicaram o processo de busca.

Estávamos no sentido certo ao reclamar pela inanição, ineficácia e parcialidade do juiz anterior na tramitação da causa. Continua sendo para nós inexplicável a negativa do governo nacional diante da oferta de colaboração de expertos da ONU, de comprovada experiência internacional. Ninguém poderá tirar da nossa cabeça que se poderia ter feito muito mais e muito antes.

Aos meios de comunicação, organizações sociais, de direitos humanos, grêmios, as pessoas que nos têm acompanhado nas marchas por Santiago, pedimos que mantenham o reclamo por Justiça, com mais força que nunca e em paz. As forças políticas que façam o maior esforço para apoiar e garantir todas as ações que nos ajudem a encontrar a Verdade e a conseguir Justiça. 

A morte de Santiago não deve ser motivo de divisões ou disputas interesseiras. Ninguém tem direitos sobre a dor desta família, pela qual pedimos respeito.

Por Santiago, por nós.

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