Escrito por: Rosely Rocha
Para Daniel Gaio, o maior legado de Chico Mendes foi a sua luta na organização dos trabalhadores, na construção sindical e na união com os povos indígenas em defesa dos seus direitos e do meio ambiente
Chico Mendes, que faria 74 anos no sábado (15), foi brutalmente assassinado a tiros de espingarda, no quintal de sua casa, em 22 de dezembro de 1988,em Xapuri, no Acre. O assassino foi Darcy Alves da Silva. O mandante foi o fazendeiro Darly Alves da Silva. Ambos foram condenados, mas já estão soltos.
Após 30 anos de sua morte, o legado do líder sindical e ambientalista, reconhecido em todo o mundo, foi lembrado no Encontro “Chico Mendes 30 anos: Uma Memória a Honrar. Um Legado a Defender”, realizado de 15 a 17 deste mês, em Xapuri, no Acre.
O encontro, promovido pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), reuniu lideranças políticas, sindicais, indígenas, ambientalistas nacionais e internacionais, que defenderam as idéias de Chico Mendes como atuais, especialmente para os povos da floresta, neste momento de retrocessos de direitos.
“Chico Mendes é reconhecido mundialmente como ambientalista que defendeu a união dos seringueiros e dos povos indígenas, mas poucos conhecem o papel que ele teve na construção sindical e do PT. Na época de sua morte ele era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e muito antes, já havia se reunido com Lula, com quem havia discutido a criação do Partido dos Trabalhadores”, lembra o secretário do Meio ambiente da CUT, Daniel Gaio, que participou da Mesa “Para Além da Floresta: Memória e importância de Chico Mendes para os movimentos sindical e socioambiental no Brasil e no exterior.
Enquanto lideranças destacavam a vida que Chico Mendes dedicou aos povos da floresta e na defesa de uma Amazônia sustentável, quem mais emocionou os presentes foi Lívia Mendes, 9 anos, ao ler a carta que escreveu ao seu bisavô Chico Mendes.
“Meu querido bisavô Chico Mendes, eu gostaria de ter conhecido você. Me contaram sobre você, sobre a sua história e eu sei que você sempre foi importante para o mundo e sempre será. Você salvou a floresta amazônica. Por sua causa, ela é a maior floresta do mundo. Tomara que as pessoas tenham consciência e tenham aprendido que não vivem sem a natureza”, dizia a carta.
Ao final do Encontro, 30 jovens extrativistas fizeram coletivamente a leitura da “Carta de Xapuri” – documento histórico que marcará o compromisso das pessoas presentes, em especial da juventude da floresta, com a defesa dos ideais de Chico Mendes para os próximos 30 anos.