Escrito por: Redação CUT

Energia elétrica e frutas puxam para cima o IPCA e inflação é de 0,46 % em setembro

Energia elétrica residencial, mamão e laranja-pera foram os vilões do mês. Ministro da Fazenda afirmou que os preços estão controlados e atribuiu o aumento a um "choque de oferta" temporário causado pela seca

Marcelo Casall - Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,44% em setembro, após uma queda de 0,02% em agosto, marcando uma elevação de 0,46 ponto percentual. No acumulado do ano, o índice subiu 3,31%. Nos últimos 12 meses, o IPCA avançou 4,42%, acima dos 4,24% observados no período anterior. Em comparação, em setembro de 2023, a variação foi de 0,26%.

Entre os nove grupos de produtos e serviços avaliados, os maiores impactos vieram de Habitação (1,80%) e Alimentação e Bebidas (0,50%), que contribuíram com 0,27 e 0,11 ponto percentual, respectivamente. As demais categorias oscilaram entre uma queda de -0,31% em Despesas Pessoais e uma alta de 0,46% em Saúde e Cuidados Pessoais.

O aumento no grupo Habitação foi impulsionado pela alta de 5,36% na energia elétrica residencial, reflexo da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescentou R$ 4,463 a cada 100 kWh consumidos. Os reajustes  foram registrados em cidades como Porto Alegre (7,01%), Vitória (6,79%), São Luís (4,07%) e Belém (2,79%). As tarifas de água e esgoto subiram 0,08%, com destaque para Fortaleza (1,46%), Salvador (0,36%) e Vitória (0,27%). Além disso, o preço do gás de botijão aumentou 2,40%, enquanto o gás encanado variou 0,02%, com alta no Rio de Janeiro (0,17%) e queda em Curitiba (-0,25%).

No grupo Transportes, a variação foi de 0,14%, puxada pela alta de 4,64% nas passagens aéreas. Nos combustíveis, houve queda de 0,02%, com recuo nos preços da gasolina (-0,12%) e do diesel (-0,11%), enquanto o etanol subiu 0,75% e o gás veicular, 0,03%.

Em Alimentação e Bebidas, a alimentação no domicílio subiu 0,56%, revertendo dois meses de queda. Os maiores aumentos foram registrados no mamão (10,34%), laranja-pera (10,02%), café moído (4,02%) e contrafilé (3,79%). Em contrapartida, cebola (-16,95%), tomate (-6,58%) e batata inglesa (-6,56%) apresentaram quedas significativas. A alimentação fora do domicílio subiu 0,34%, com desaceleração nas refeições (de 0,44% em agosto para 0,18% em setembro) e aceleração no lanche (de 0,11% para 0,67%). Vale lembrar que a alimentação também tem sido impactada pelas secas.

Sobre a alta da inflação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que os preços no Brasil continuam controlados e atribuiu o aumento a um "choque de oferta" causado pela seca, descrevendo-o como temporário. Haddad descartou uma possível elevação na taxa básica de juros, a Selic, para controlar a inflação. "Juros não fazem chover. Daqui a pouco, a chuva chega e os preços voltam ao normal", declarou. O ministro ainda alertou: "não se pode tomar uma decisão equivocada por algo que é temporário, não permanente".

INPC

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de setembro, usado para calcular o reajuste do salário mínimo. O índice teve alta de 0,48%, uma variação de 0,62 ponto percentual acima de agosto, quando registrou queda de 0,14%.

No acumulado do ano, o INPC já subiu 3,29%. Nos últimos 12 meses, o índice avançou 4,09%, superando os 3,71% do período anterior. Esses números são essenciais para o reajuste do salário mínimo, que impacta diretamente o poder de compra dos trabalhadores.