Escrito por: Marize Muniz

Enfermeiros lutam pela derrubada do veto de Bolsonaro ao reajuste anual do piso

Representantes dos trabalhadores e parlamentares já articulam pela derrubada do veto presidencial ao reajuste anual do piso pelo INPC 

Silvio Avila/HCPA

A luta pelo pagamento do piso da enfermagem ainda não terminou. Os representantes da categoria já iniciaram as primeiras conversas para articular com os parlamentares de oposição a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao reajuste anual do piso pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Após muita pressão de trabalhadores e de deputados e senadores que lutam pela valorização dos enfermeiros, Bolsonaro sancionou, nesta quinta-feira (4), a lei que estabelece o piso salarial dos enfermeiros, mas congelou os reajustes anuais.

“Após uma luta histórica, tanto pela regulamentação da jornada 30 horas, quanto pelo piso salarial dos enfermeiros, o veto presidencial ao reajuste anual foi uma surpresa e representa um prejuízo imenso, no futuro, para a nossa categoria. Alguns colegas podem ficar com salários abaixo da média”, criticou a presidenta da Federação Nacional dos Enfermeiros e do Sindicato dos Enfermeiros de Sergipe, Shirley Morales.

A dirigente lembrou que o texto final da lei já representa perda para os trabalhadores, pois a proposta inicial previa piso para os enfermeiros de cerca de R$ 7 mil e jornada de 30 horas. Por causa do lobby patronal e de prefeitos, o valor foi reduzido para R$ 4.750 para enfermeiros e enfermeiras, R$ 3.325 para técnicos e técnicas de enfermagem, e  R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras, independentemente da jornada ser de 30 ou 42 horas.

“Essas perdas, no entanto, foram produto de uma luta política para conseguir aprovar o PL da Enfermagem que, apesar da redução dos valores se comparado com a proposta inicial, ainda beneficia vários profissionais, em especial os de nível médio”, disse a dirigente que reforçou a luta pelo veto ao reajuste anual do piso dos enfermeiros, que une trabalhadores e parlamentares.

“A sanção era o que esperávamaos porque era uma obrigação constituicional, mas o veto foi uma surpresa negativa e vamos trabalhar para o Congresso derrubar”, disse.

Somos a única categoria que teve o piso instituído, mas antes colocou na Constituição. Portanto, era obrigação do presidente sancionar integralmente o projeto. - Shirley Morales

Em seu perfil no Twitter, a deputada Natália Bonavides já postou o apoio a essa luta: “Lutaremos pela derrubada do veto, para que a vitória da categoria seja completa”.

URGENTE! Bolsonaro veta parte da lei do piso da Enfermagem. Lutaremos no congresso pela derrubada do veto, para que a vitória da categoria seja completa. A mobilização continua por um salário digno para os trabalhadores dessa atividade tão fundamental! #PisoDaEnfermagemJá

— Natália Bonavides(@natbonavides) August 4, 2022

O deputado Alencar Santana (PT-SP) e o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul foram foi na mesma linha na mesma linha de defesa da derrubada do veto no Congresso Nacional.

O piso salarial da Enfermagem agora é lei! O #PL2564 - de autoria do senador @ContaratoSenado - foi sancionado e essa é uma grande vitória da sociedade brasileira!
E vamos lutar para derrubar no Congresso o veto à correção anual pelo INPC.#oPisoAgoraÉlei pic.twitter.com/10Ki0cLIyr

— Deputado Alencar Santana - #Lula13 (@AlencarBraga13) August 5, 2022

URGENTE: O presidente da República sancionou o PL 2564/2020, porém, vetando o reajuste anual dos valores pelo INPC.
Com isso, a luta continua!
Agora, o Congresso Nacional precisa analisar se derruba ou mantém o veto antes do Piso Salarial da Enfermagem virar, de fato, uma Lei. pic.twitter.com/VJCEmPu9Qk

— Coren-RS (@corenrs) August 4, 2022

Quem já pode receber o piso

O piso salarial da enfermagem já pode ser aplicado em instituições de saúde do setor privado e filantrópico, mas, por causa do período eleitoral, não pode começar a ser pago por institutuições estaduais e municipais.

Para o setor público, a PEC 11 prevê um período para que os municípios façam a adequação orçamentária dentro do exercício financeiro para que possa implementar o piso em 2023.

“Não precisa regulamentar, basta fazer a adequação dentro da lei orçamentária”, conclui Shirley.