Escrito por: Redação CUT
Um dia após o Ministério da Saúde anunciar a compra de doses da vacina chinesa, Bolsonaro desautoriza ministro. “Alerto que não compraremos vacina da China”, disse o presidente
Enquanto o Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, se aproxima da marca de 155 mortes por Covid-19 - só perde para os EUA, que têm mais de 221 mil vidas perdidas -, o governo federal continua batendo cabeça, sem comando nem planejamento para combater a doença no país e estimulando ou protagonizando disputas políticas internas e externas, como no caso da vacina contra a Covid-19.
Nesta quarta-feira (21), um dia após o ministro Eduardo Pazuello anunciar que havia assinado o protocolo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina chinesa contra a Covid-19, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantã, de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) desautorizou o ministro.
“Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre Covid-19”, disse ele se referindo ao governador de São Paulo, ex-aliado e defensor da vacina chinesa.
Em sua página no Facebook ficou ainda mais explicita que a preocupação do presidente não é com a saúde dos brasileiros e, sim, com a disputa política com Doria, possível adversário dele nas eleições de 2022.
Na postagem Bolsonaro chamou a CoronaVac de “vacina chinesa de João Doria” e disse que não permitirá que a população brasileira seja “cobaia de ninguém“.
“Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina“, disse ele no texto.
Bolsonaro e Doria também vêm polemizando sobre a obrigatoriedade da aplicação da vacina assim que ela estiver disponível. O governador diz que irá exigir a imunização em São Paulo. Já o presidente afirma que o governo federal não tornará a vacinação obrigatória e que cabe ao Ministério da Saúde recomendações dessa natureza.
Quase 155 mil vidas perdidas e milhões de pessoas contaminadas
Enquanto o presidente polemiza, o vírus continua fazendo vítimas no país. No total, o Brasil tem 154.891 óbitos registrados e 5.275.034 casos confirmados da doença desde o início da pandemia, segundo levantamento do consórcio de imprensa, atualizado às 8h desta quarta-feira (21).
Milhares de pessoas se recuperaram da doença, mas seguem com sequelas leves, como cansaço e dores de cabeça, perda de cabelo e mal estar, ou graves como problemas no coração e de circulação.
Em 24 horas, morreram 662 pessoas e média de mortes foi de 546 em sete dias, o que indica estabilidade. No mês passado, os registros indicaram queda nas mortes durante a semana iniciada pelo feriado de 7 de Setembro. Desta vez, os oito dias de queda coincidiram com a semana do feriado de 12 de outubro. Nos finais de semana e em feriados prolongados é comum a queda nos registros devido à redução das equipes de plantão nos laboratórios e outros que fecham as portas.
Dados do Imperial College, de Londres apontam que a taxa de transmissão de Covid-19 está abaixo de 1 pela quarta semana seguida. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 93. A tendência é que haja cada vez menos pessoas contaminadas.
Situação nos estados
Apenas um estado está com alta na média de mortes: o Rio Grande do Norte.
Dez estados e o Distrito Federal estão em estabilidade: Roraima, Tocantins, Maranhão, Piauí, Paraíba, Sergipe, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
A média móvel de mortes está em queda em 15 estados: Acre, Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina.