Escrito por: CUT-RS
Edital de privatização da Corsan foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado. O leilão para a venda integral da empresa foi marcado para o dia 20 de dezembro
A fúria privatista do PSDB não dá trégua, nem mesmo durante a Copa do Mundo. Na tarde desta segunda-feira (28), enquanto o Brasil vencia a Suíça por 1 a 0 e se classificava com antecedência para as oitavas de final, o governo Ranolfo Vieira Jr, que assumiu após a renúncia do ex-governador, agora reeleito, Eduardo Leite, publicou o edital de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) em edição extra do Diário Oficial do Estado.
O leilão para a venda integral da empresa foi marcado para o dia 20 de dezembro, com a abertura das propostas e lances de viva voz, na B3, na Bolsa de Valores de São Paulo. O lance mínimo será de R$ 4,1 bilhões e terá início às 10h.
O edital define também que cinco dias antes, no dia 15 de dezembro, ocorrerá a entrega das propostas, das 9h às 12h, no mesmo local.
A empresa possui atualmente contratos vigentes para prestação de serviços em 307 municípios e atende mais de 6 milhões de gaúchos e gaúchas (cerca de dois terços da população do Estado), atuando tanto nos serviços de abastecimento de água quanto de esgotamento sanitário.
Negociata
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, afirma que “estamos diante de uma negociata, que está sendo feita de forma apressada, no apagar das luzes de um governo, e às vésperas da posse do presidente eleito Lula (PT), que já anunciou mudanças no chamado marco do saneamento básico”.
“Lula pretende alterar a lei federal nº 14.026/2020, aprovada no governo Bolsonaro (PL), que prioriza investimentos do setor privado em detrimento do setor público e que está sendo usada pelo governo tucano como uma das justificativas para entregar a Corsan”, explica Amarildo.
Para o dirigente sindical, “a Corsan é eficiente, lucrativa e precisa ser fortalecida e não entregue a um punhado de acionistas privados para enriquecer às custas da cobrança de tarifas mais caras da população que pode pagar, enquanto milhares de pessoas mais pobres ficarão desassistidas. Água é imprescindível para a vida no planeta”.
Corsan não é uma quitanda
Para o presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, que publicou artigo nesta terça-feira (29) no Sul21, “a Corsan não é uma quitanda que pode ser entregue a qualquer preço”.
Segundo ele, “o preço estipulado pelo Governo do Estado será gasto em no máximo dois anos. Depois estaremos sem a Companhia que dá milhões de lucro para o Estado.
“Para se ter uma ideia, a Corsan está sendo entregue pelo equivalente à arrecadação de 1 ano e 3 meses, e pelo preço equivalente ao lucro de apenas 4 anos. É gravíssimo o que está acontecendo. Um crime contra o povo gaúcho”, denuncia Arilson.
Seguimos em luta e resistência
O dirigente do Sindiágua-RS alerta que “água não é mercadoria e não pode ser posta à venda como um objeto precificado. Nela tem vida e saúde e deve ser mantida pública! É o maior bem do planeta. Privada, será acessível a quem puder pagar. A tarifa social, que hoje possibilita o acesso a milhares de famílias pobres, acaba com a privatização”.
No primeiro trimestre deste ano, a Corsan apresentou receita operacional líquida na ordem de cerca de R$ 952,3 milhões. Nesse período, a companhia teve lucro líquido de aproximadamente R$ 186 milhões.
O patrimônio líquido da Corsan, com base no balanço patrimonial finalizado em 31 de março de 2022, era em torno de R$ 3,36 bilhões.
Para Arilson, “é inacreditável que, enquanto centenas de cidades no mundo reestatizam o saneamento, aqui, os acordos, negociatas e toma lá dá cá com o mercado especulador resulte na perda de uma companhia que inclusive dá lucro para o Estado”.
“Seguimos em luta e resistência e apoiando todos que buscam manter o saneamento sob gestão pública e tratam a água como um bem de todos”, ressalta o presidente do Sindiágua-RS.