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Enquanto Delta avança, Ministério da Saúde estoca 7,9 milhões de doses de vacinas

Mesmo com a Delta contaminando mais, governo federal briga com estados e trava distribuição de vacinas

Publicado: 13 Agosto, 2021 - 12h16

Escrito por: Redação CUT

© Divulgação/Cremerj
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Em meio ao avanço da variante Delta, cepa indiana mais transmissível, que vem predominando no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está segurando no estoque milhões de doses de vacina contra a Covid-19 e é acusado de desobedecer a divisão dos imunizantes entre os estados.

O ministro ignora que a disseminação da Delta no Brasil está sendo mais rápida que a variante Gama, identificada inicialmente em Manaus, nos primeiros meses de contágio. Enquanto a Gama dobrou do segundo para o terceiro mês de 11,5% para 23,6% o total de casos entre janeiro e dezembro, a Delta multiplicou sua cota por nove em período similar - de 2,3% para 21,5% entre junho e julho, segundo dados da Rede Genômica Fiocruz.

Ao invés de correr para salvar vidas, Queiroga briga publicamente com governadores que não são aliados ao presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). No  mais um novo capítulo da briga expôs para o país que o Ministério da Saúde tem cerca de 7,9 milhões de doses de vacinas paradas, segundo levantamento do painel "Quantas doses?", do analista de dados Apolinário Passos. Enquanto isso, a vacinação é paralisada em estados como Rio de São Paulo.

Até agora, mais de 160 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas no Brasil desde o começo da vacinação, em janeiro. Somando a primeira dose, a segunda e a dose única, são 160.315.979 imunizantes aplicados na população.

Mas, os imunizados, pessoas que tomaram a segunda dose ou a dose única, são 48.269.832, apenas 22,80% da população. A primeira dose de vacinas contra a Covid foi aplicada em 112.046.147 pessoas, o que corresponde a 52,91% dos brasileiros.

Os governadores João Doria (PSDB), de São Paulo, Helder Barbalho (MDB), do Pará, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) - cidade que nesta semana interrompeu por dois dias a vacinação por falta de estoque – acusam o ministro de segurar a distribuição de mais doses de vacinas.

São Paulo vai processar o Ministério da Saúde

Na semana passada, o governo de São Paulo disse ter recebido apenas 10% da remessa total do ministério, quando o pacto federativo estabelece que, por causa da população, São Paulo fique com 22,6%.  Na ocasião, Doria fez mais um embate público com o governo federal.

O governador chamou a decisão de arbitrária e indicou que ela seria proposital. Doria entrará na Justiça para processar o Ministério da Saúde. Conforme noticiado pela coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, com a ação, o estado de São Paulo quer exigir que a pasta entregue a mesma proporção de vacinas contra Covid-19 adotada durante campanha de vacinação.

Na cidade de São Paulo mais da metade dos postos não têm vacina AstraZeneca para a 2ª dose. Apesar da falta do imunizante, a cidade planeja uma maratona de vacinação para aplicar primeira dose em pessoas com mais de 18 anos.

Rio de Janeiro é epicentro da Covid-19

Nesta sexta-feira (13), o prefeito do Rio de janeiro Eduardo Paes, afirmou a cidade é hoje o epicentro de casos de Covid-19 no país e cobrou agilidade do Ministério da Saúde na distribuição de imunizantes ao município.

Segundo Paes, o número de casos está aumentando, mas graças às vacinas, os óbitos não estão em alta. A declaração foi feita durante coletiva de divulgação do 32º Boletim Epidemiológico da Covid-19.

Todas as 33 regiões administrativas do Rio estão com risco alto de Covid-19. A cidade também observa o avanço da Delta.

Apesar do cenário preocupante, o município vem tendo problemas para vacinar a população. No sábado (7), Paes usou o Twitter para cobrar celeridade do Ministério da Saúde. “Bora distribuir. Só 5% dos internados no Rio tomaram vacina. Ou seja, elas funcionam e SALVAM VIDAS! #boradistribuir", escreveu.

Queda de casos e mortes no Brasil

Apesar da preocupação com a variante Delta, os casos e mortes de Covid-19 no Brasil seguem em queda. O país registrou 1.183 mortes nas últimas 24 horas, totalizando nesta terça-feira (10) 564.890 óbitos desde o início da pandemia. A média móvel de mortes nos últimos 7 dias chegou a 899. São 11 dias seguidos com essa média abaixo de 1 mil.

Dois estados e o Distrito Federal apresentam tendência de alta nas mortes: RR, RN, DF.

Em casos confirmados, desde o começo da pandemia, 20.213.388 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 35.245 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 32.474 diagnósticos por dia.

Em seu pior momento a curva da média móvel chegou à marca de 77.295 novos casos diários, no dia 23 de junho deste ano.