Enquanto povo passa fome, governo defende milionários que compram Porsches
Assessor especial do ministro da Economia defende nova CPMF e critica a taxação de grandes fortunas. Enquanto isso, em plena pandemia vendas de carros da marca de luxo Porsche aumentam 90% no país
Publicado: 24 Julho, 2020 - 08h30 | Última modificação: 24 Julho, 2020 - 09h03
Escrito por: Redação CUT
A pandemia do novo coronavírus (Covid 19) mostrou mais uma vez o grande abismo social do Brasil. Quase a metade da população brasileira está sobrevivendo com o auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso Nacional. Jair Bolsonaro (ex-PSL) queria dar R$ 100,00, o Congresso aprovou R$ 500,00 e o presidente vendo que não tinha outra saída, capitalizou politicamente e aumentou para R$ 600,00.
Este valor que mal dá para pagar uma cesta básica em São Paulo, que hoje custa R$ 547,03, o equivalente a 91% do auxílio, não intimida parte dos milionários que sem sentirem um mínimo impacto em suas finanças simplesmente suspendeu contratos ou reduziu os salários de trabalhadores e trabalhadoras, alegando falta de recursos. Segundo o Ministério da Economia, 6,5 milhões fizeram acordos de redução salarial e 5,4 milhões suspenderam temporariamente o contrato de trabalho- um total de 12,1 milhões de trabalhadores.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Covid19) do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (23) mostrou que em junho último, 29,4 milhões de lares brasileiros (43%), onde vive praticamente a metade (49,5%) da população brasileira receberam algum auxílio do governo para fazer frente à pandemia. Isto significa quatro pessoas a cada 10. O número de desempregados atingiu em junho 11,8 milhões de pessoas. Em apenas um mês, o aumento foi 1,7 milhão sem emprego.
Apesar de toda esta tragédia social, os milionários brasileiros continuam com uma boa vida e consumindo cada vez mais artigos de luxo. A marca de carros Porsche anunciou esta semana que aumentou em até 90% suas vendas de carros, entre janeiro e junho deste ano em comparação com o ano passado. Segundo a montadora alemã de automóveis de luxo foram vendidos no Brasil 1.535 unidades. O modelo mais vendido por aqui foi a “oitava geração do 911”, com 601 unidades - um aumento de 432% em relação ao primeiro semestre de 2019. O preço de cada carro é a bagatela de R$ 679 mil.
E em vez de combater este imenso abismo social, o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro segue defendendo a linha neoliberal econômica, apoiando os mais ricos em detrimento dos pobres. Uma das medidas criticadas por economistas, é a reforma tributária apresentada ao Congresso Nacional na última terça-feira (21), pelo ministro da Economia, o banqueiro, Paulo Guedes, que vai cobrar mais imposto do pobre do que do rico.
Sem a menor cerimônia, o assessor especial do ministro da Economia, Guilherme Afif Domingos, defendeu durante entrevista ao Portal UOL, a criação do novo imposto, a Contribuição sobre Bens e Consumo (CBS), que na prática se equivale a antiga CPMF, em detrimento da taxação de grandes fortunas, como defende a CUT.
“Nós precisamos dessa fortuna aqui, para o nosso investimento”, chegou a dizer Afif. Mas pelo jeito, a elite brasileira prefere comprar produtos de alto luxo, gastando dinheiro lá fora enquanto aqui, a montadora Renault demite 747 trabalhadores de uma só vez.