Escrito por: Redação CUT
Tentativa de falsificação teve início em Goiás onde um médico preencheu a mão o documento, mas como tentaram registrar junto à prefeitura de Caxias (RJ), Ministério da Saúde não aceitou por diferença em lote
A Operação da Polícia Federal desta quarta-feira (3) de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília, que terminou na apreensão de celulares e na prisão de seis pessoas, entre elas de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens, teve como origem uma tentativa de falsificar cartões de vacinação contra a covid-19.
Os militares, auxiliares da família Bolsonaro, teriam conseguido junto a um médico da prefeitura de Cabeceiras (GO), cidade que fica a 339 km da capital Goiânia, um comprovante de vacinação contra covid-19, preenchido a mão para Bolsonaro, a filha de 12 anos dele, Laura, o ex-ajudante de ordens , coronel Mauro Cid e a esposa desse último, segundo a colunista Malu Gaspar, do O Globo.
A desconfia sobre a autenticidade do documento ocorreu porque o grupo tentou registrar a vacinação na prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, para que fosse aceito em viagens internacionais.
O problema para os suspeitos de fraude foi o que o Sistema do Ministério da Saúde rejeitou a tentativa porque o lote da vacina inserido pelo médico no documento falso, foi enviado a Goiás e não ao Rio de Janeiro. Mauro Cid e seus ajudantes trocaram mensagens para tentar desembaraçar o caso, o que teria desencadeado a operação de hoje da Polícia Federal.
Para tentar cobrir o rastro da tentativa de falsificação o grupo bolsonarista baixou os arquivos e os apagou do sistema do Ministério da Saúde. A PF só descobriu a adulteração após periciar o sistema e as mensagens do então ajudante de ordens coronel Cid. Ainda segundo o Globo, a corporação apurou que foi necessário conseguir o número de outro lote de vacinas para validar a informação.
Outro que teve a carteira de imunização alterada foi o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ). O parlamentar também foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta quarta.
A operação no âmbito do inquérito no STF de “milícias digitais” ganhou o nome de "Venire". Segundo a PF, é uma referência ao princípio "Venire contra factum proprium", que significa "vir contra seus próprios atos". A Polícia Federal diz que esse é um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.
Ainda na manhã desta quarta-feira, o ex-presidente em entrevista a jornalistas negou que tenha tomado a vacina, mas confirmou que a mulher dele, Michele Bolsonaro tomou se imunizou contra a covid-19, em 2021 nos Estados Unidos. Ele também afirmou que sua filha Laura, de 12 anos, não se vacinou.
Para entrar nos EUA, para onde Bolsonaro foi dias antes de Lula tomar posse como presidente da República, é preciso ter se vacinado contra a covid-19. Se confirmado que Bolsonaro forjou o documento ele teria cometido fraude federal, ficando sujeito a 10 anos de prisão naquele país, de acordo com a lei norte-americana.
Em depoimento feito à Polícia Federal, em 5 de abril, no caso da tentativa de retirar as joias apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), no valor de R$ 16,5 milhões, presente do governo da Arábia Saudita, Mauro Cid, afirmou que a tentativa frustrada começou com um pedido do ex-presidente.
Cid disse à PF ter sido informado por Bolsonaro em dezembro de 2022 sobre a existência de um pacote apreendido pelo Fisco. A solicitação do ex-presidente era para que o auxiliar checasse a possibilidade de liberar os itens. Cid declarou, porém, não ter havido uma ordem.
Por sua vez, Bolsonaro, também no mês de abril, disse em seu depoimento que pediu ao ajudante de ordens que obtivesse informações sobre as joias, e que ele (Bolsonaro) fez contato com então chefe da Receita Federal, Júlio César Vieira, e determinou que ele entrasse em contato com Mauro Cid. Ou seja, confirmou que acionou o chefe da Receita para que resolvesse a questão das joias.
Relembre aqui o que Bolsonaro disse em seu depoimento à PF no caso das joias