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Entenda por que a queda da inflação não chegou no seu bolso

IBGE registra deflação, mas o que mais caiu foi o preço da gasolina, consumida pelos ricos. Os pobres sofrem com altas acumuladas. Veja a lista dos 50 produtos que mais subiram de janeiro/2020 a setembro/2022

Publicado: 21 Outubro, 2022 - 17h16 | Última modificação: 21 Outubro, 2022 - 17h55

Escrito por: Marize Muniz | Editado por: Marize Muniz

Reprodução
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A inflação oficial do Brasil registra deflação pelo terceiro mês seguido, mas a população, em especial a de baixa renda, não sente a queda dos preços em seu dia a dia e continua achando que os preços estão pela hora da morte. Veja abaixo a lista dos 50 produtos que mais subiram desde 2020.

Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de -0,29% e registrou deflação pelo terceiro mês seguido. No ano, a inflação acumulada é de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%, segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE).

Os trabalhadores e trabalhadoras que ganham menos, porém, não foram beneficiados com a queda dos preços. Eles sentem muito pouco a deflação por pelo menos dois motivos. Primeiro, o que mais impactou na queda da inflação foi a derrubada dos preços dos combustíveis, determinada o pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), em pleno período eleitoral. E a população que ganha menos, não tem carro, portanto, não sente tanto a queda dos preços da gasolina como os mais ricos. 

Segundo, os trabalhadores de menor renda usam a maior parte do salário para comprar alimentos, que subiram demais e precisam cair muito para voltarem aos preços cobrados antes da disparada da inflação.

DieeseDieeseUm terceiro elemento dessa equação, ressalta o técnico do Dieese, Leandro Horie, é o rendimento médio real do trabalhador, que encolheu -4,27% de janeiro de 2020 a agosto/setembro de 2022. No mesmo período, diz Leandro, a inflação subiu 19,70%, a cesta básica +45,07%, o gás de cozinha +61%. Só o leite longa vida acumula alta de 84,20%, o óleo de soja de 123,20%, o café 84,20%. “Na prática, mesmo com esse alívio momentâneo da inflação, a perda de poder de compra foi muito grande, especialmente para a população de mais baixa renda”, afirma o técnico do Dieese Leandro Horio.

“Se considerarmos o período de janeiro de 2020 até junho de 2022, houve uma aceleração muito grande da inflação, ao mesmo tempo em que os rendimentos do trabalho, em termos reais, caíram”, explica o técnico do Dieese.  

Mesmo com algum refresco nos últimos três meses, além da variação dos rendimentos do trabalho ainda permanecer negativa no período como um todo, a queda da inflação não fez frente ao aumento anterior para quase todos os produtos, como alimentos em especial
- Leandro Horie

O técnico do Dieese se refere alimentos básicos e essenciais na cesta dos brasileiros que subiram muito, alguns continuam subindo, outros caíram pouco e continuam com uma taxa acumulada de inflação altíssima.

O arroz, por exemplo, subiu 48,9% de janeiro a junho de 2020, caiu 1,2% entre janeiro e setembro deste ano. Precisaria cair 47,2% para voltar aos preços de 2020.

O feijão carioca (rajado) subiu 50,5% no primeiro semestre do ano passado, caiu 11,4% até setembro deste ano e ainda acumula 33,3% de alta em relação a 2020.

Outros produtos que dispararam, como o leite longa vida continuam subindo, apesar da deflação. Entre janeiro de 2020 e junho de 2022, o  produto  subiu 73,2%. De junho a setembro deste ano, aumentou mais 6,3%. A alta acumula de janeiro de 2020 a setembro 2022 é 84,2%, como mostra o gráfico acima.

O botijão de gás de 13 quilos é outro produto que não viu a cor da deflação. Aumentou 60,8% entre janeiro de 2020 e junho de 2022, mais 0,5%  até setembro deste ano e acumulada alta de 61,6%.

Confira a lista dos produtos que mais subiram desde 2020

ProdutosJaneiro 2020 a junho 20222022 - julho a setembroVariação líquida no período
Índice geral21,3%-1,3%19,7%
Abobrinha146,8%-24,7%85,8%
Acém35,2%-0,4%34,7%
Açúcar cristal81,1%-3,1%75,5%
Alface87,5%-14,1%61,1%
Arroz48,9%-1,2%47,2%
Azeite de oliva31,8%-0,4%31,3%
Banana - d'água21,7%24,3%51,3%
Banana - prata42,4%13,4%61,5%
Batata-inglesa101,1%-22,9%55,0%
Biscoito31,4%5,6%38,7%
Café moído85,9%-0,9%84,2%
Cebola100,7%10,4%121,7%
Cenoura102,6%-24,9%52,0%
Chocolate e achocolatado em pó30,4%4,1%35,7%
Contrafilé32,4%-2,0%29,8%
Costela44,6%-1,6%42,3%
Couve52,9%-14,0%31,4%
Cupim46,8%1,8%49,6%
Etanol58,7%-29,1%12,4%
Farinha de mandioca33,1%6,9%42,3%
Farinha de trigo64,0%6,0%73,9%
Feijão - carioca (rajado)50,5%-11,4%33,3%
Feijão - macáçar (fradinho)89,5%-4,3%81,4%
Fígado46,1%-2,3%42,8%
Frango em pedaços49,8%4,6%56,6%
Frango inteiro43,9%2,1%46,9%
Fubá de milho54,4%1,2%56,2%
Gás de botijão60,8%0,5%61,6%
Gás encanado43,1%0,4%43,6%
Gás veicular73,0%-7,9%59,4%
Gasolina59,1%-31,5%8,9%
Iogurte e bebidas lácteas32,8%4,1%38,2%
Lagarto comum37,6%-3,0%33,5%
Lagarto redondo30,9%0,3%31,3%
Leite condensado33,1%17,2%56,0%
Leite em pó36,1%11,7%52,0%
Leite longa vida73,2%6,3%84,2%
Linguiça38,9%-0,5%38,2%
Maçã36,2%11,2%51,5%
Macarrão31,5%3,5%36,0%
Mamão102,3%3,2%108,8%
Mandioca (aipim)77,3%-5,7%67,2%
Manga86,7%-12,5%63,4%
Manteiga27,2%10,1%40,0%
Margarina52,6%5,1%60,4%
Melancia43,2%7,6%54,1%
Melão123,7%5,9%137,0%
Morango134,0%-41,0%38,0%
Músculo45,6%-0,8%44,5%
Óleo de soja158,4%-13,6%123,2%