Escrito por: CUT Brasília
Agricultura familiar foi fortemente atingido pelo crime ambiental de Mariana
Sindicalistas ligados à CUT e um parlamentar foram à Brasília na semana passada para pleitear crédito emergencial aos trabalhadores da agricultura familiar do Espírito Santo. O setor foi fortemente atingido pelas consequências do rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, no dia 5 de novembro.
A comissão que veio a Brasília é composta pelo presidente da CUT-ES, Jasseir Alves Fernandes, pelo presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do ES – Fetaes, Julio Cezar Mendel, e o deputado estadual José Carlos Nunes. Desde o início da semana, eles percorreram diversos órgãos públicos para informar o prejuízo causado aos trabalhadores da agricultura familiar pela falta de água do estado e pedir apoio à solução do problema.
“Nós temos hoje no Espírito Santo cerca de 130 mil propriedades, 90% dessas propriedades formam a base da agricultura familiar. E com essa crise hídrica que se alastrou – e tudo indica que não será nada bom no próximo ano –, ocorreu também o endividamento dos trabalhadores desse setor junto aos bancos. Ou seja, além de perder a produção, não têm recurso para pagar os seus financiamentos. Então nossa agenda aqui (em Brasília) é no sentido de minimizar essa situação, prorrogando essa dívida com a carência de quatro anos, e dez anos para pagar. Nós sabemos que isso não resolve o problema, mas dá um alívio para os agricultores”, explica o presidente da Fetaes, Julio Cezar Mendel.
A interrupção do abastecimento de água ocasionada pelo trajeto da lama de rejeitos pelo rio Doce agravou ainda mais a crise hídrica enfrentada pelo estado do Espírito Santo, que já estava sob alerta diante do baixo nível de chuvas. Devido ao período seco, um banco de areia formou-se e está impedindo a chegada da lama ao mar, o que aumenta os prejuízos à população.
Além do trabalho pela aquisição de crédito emergencial aos trabalhadores rurais, a CUT-ES vem atuando solidamente para garantir que as empresas responsáveis pelo rompimento da barragem em Mariana sejam punidas e construam ações afirmativas que minimizem os impactos sofridos pelos trabalhadores.
“Nós temos feito um debate no estado do Espírito Santo, juntamente com o Ministério do Trabalho, para responsabilizar a empresa (Sanmarco) e exigir que ela proponha ações que garantam o emprego dos trabalhadores que foram prejudicados pela irresponsabilidade da Samarco e da Vale do Rio Doce, que é uma das donas da Samarco”, explica o presidente da CUT-ES, Jasseir Alves Fernandes.
Ele diz que o rompimento da barragem em Mariana impactou não só no meio ambiente capixaba, mas em toda a população do estado. “O rompimento da barragem impactou diretamente na morte do rio Doce, atingindo, inicialmente, as comunidades ribeirinhas, crise que se alastrou para o restante da população. Um exemplo é o município de Colatina, que não tem água, pois a água que abastecia a cidade era retirada do rio Doce. Então, muitas famílias estão migrando do entorno do rio para outros locais”, conta. Ele lembra que os primeiros atingidos foram os trabalhadores rurais, mas, agora, comerciários, trabalhadores da construção civil e de outros setores também já sentem os prejuízos.
Em nota, a Fetaes manifestou repúdio à irresponsabilidade da Samarco, da Vale e da BHP Billiton, que resultaram no crime realizado em Mariana. “Somos agricultores e agricultoras e conhecemos bem como funciona uma barragem. Para nós, o ocorrido demonstra omissão, intransigência e ganância por lucros imensuráveis”, diz trecho da nota.