MENU

Entidades internacionais da economia solidária se reúnem em SP para debater o setor

Evento organizado pela StreetNet teve objetivo de traçar estratégias de desenvolvimento da economia solidária a partir da troca de experiências entres os países

Publicado: 20 Novembro, 2023 - 11h10 | Última modificação: 22 Novembro, 2023 - 10h44

Escrito por: Andre Accarini

Margarida Teixeira/StreetNet
notice

A economia solidária social foi tema do workshop “A Economia Social e Solidária: Sustentabilidade para Um Futuro Melhor”, realizado entre os dias 14 e 16 de novembro em São Paulo, organizado pela StreetNet International, entidade que reúne organizações de trabalhadores do setor, de vários países para promover o setor, o que inclui a luta por melhores condições e públicas para o desenvolvimento do setor. O objetivo do evento foi debater como as cooperativas podem ser uma alternativa para a inclusão para garantir trabalho digno para trabalhadores da economia solidária.

O encontro recebeu representantes de organizações de diversos países de diversos continentes que buscaram, por meio de troca de informações e experiências, como promover o setor. O intuito foi de construir coletivamente alternativas ao modelo econômico existente e pensar em maneiras de aproveitar melhor oportunidades como as resoluções recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o tema

A Resolução da Assembleia Geral da ONU “Promovendo a Economia Social e Solidária para o Desenvolvimento Sustentável” foi adotada em 18 de abril de 2023, e a Conferência Internacional do Trabalho da OIT também considerou o setor como solução viável para reequilibrar objetivos econômicos, sociais e ambientais, de acordo com a Resolução publicada em junho de 2022.

Na prática

O resultado do encontro foi a constatação da necessidade de se pressionar governos e lutar por legislações que possibilitem a construção e a acessibilidade às cooperativas. Alémd isso, pressionar instâncias internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Internacional dp Trabalho (OIT) para que articulem recomendação aos países para promover a economia formal como alternativa de trabalho decente.  

Por isso e também com plano de luta, a StreetNet atuará de maneira ainda mais intensa na articulação das organizações, ou seja, conectar as entidades representativas para fortalecer o setor em nível mundial.

Para a presidente da StreetNet, Lorraine Sibanda, o evento foi realizado em uma época oportuna em que trabalhadores sofreram as consequências da pandemia da Covid-19, com a perda de trabalho formal. Em todo o mundo, milhões de trabalhadores e trabalhadoras tiveram de buscar alternativas para a sobrevivência economia e a economia solidária foi uma dessas alternativas.

“Foi um evento no tempo certo. Trabalhadores estão vulneráveis e o modelo d cooperativa encoraja a solidariedade a solidariedade, não só na economia informal mas na própria atuação das centrais sindicais”, afirmou a dirigente.

Como exemplo ela citou o Zimbábue, seu país natal em que a situação também ocorreu. “A maioria dos trabalhadores tinham empregos formais e depois da pandemia foram para a informalidade”.

“A economia solidária social é um modelo que pode trazer solidariedade e workshop encorajou as entidades filiadas a voltarem a seus países e atuarem e investirem mais no setor”, pontuou a presidente do StreetNet.

Lorraine SibandaLorraine Sibanda

Brasil

Parceira da StreetNet, a CUT já atua na organização e articulação da economia solidária desde  1999 com a criação da Agência de Desenvolvimento Solidário, a ADS, com a missão de promover o setor e atuar no desenvolvimento sustentável para o fortalecimento e constituição de cooperativas e de empreendimentos coletivos solidários como um meio de gerar trabalho e renda.

No 14º Congresso Nacional da Central (CONCUT), essa atuação ganhou ainda mais protagonismo com a criação da secretaria nacional de Economia Solidária que terá o papel de articular as diversas iniciativas já existentes que dialogam com a construção de políticas para a economia solidária com o movimento sindical. O workshop foi uma dessas ações.

"Participar desse evento da StreetNet é uma de nossas primeiras ações", diz o secretário de Economia Solidária da CUT, Admirson Ferro Medeiros, o Greg. Ele considera o encontro promovido pela entidade "de fundamental importância, em especial em um momento em que os trabalhadores ambulantes mais precisam de políticas públicas". 

Greg cita a categoria como um dos grupos que mais foram impactados pelas restrições impostas pelas pandemia. "Sempre careceram de proteção social e formas de organização e depois desse período, ainda mais. Por isso, para a CUT, debater e dialogar sobre o futuro não só dos ambulantes, mas da enconomia solidária em todas as suas formas é prioridade", ele diz. 

Isso se dará por meio do fomento ao cooperativismo, ao crédito, e à comercialização, objetivando a geração de emprego e renda de qualidade apontando para um desenvolvimento econômico sustentável e solidário.

"Vamos acompanhar com a StreetNet os estudos e as ações a serem tocadas em defesa da economia solidária. Participaremos ativamente das próximas atividades, definidas durante esse evento", pontua o dirigente.

A atuação da CUT na organização e em defesa da economia solidária foi ponto chave na realização do workshop da StreetNet no Brasil. “A Streetnet tem atuação inclusiva, com presença de todas as regiões e o país favorece isso. Mas o Brasil também foi escolhido porque a StreetNet tem uma parceria - uma boa relação - com a CUT”, pontou Lorraine Sibanda, presidenta da entidade.

Durante o econtro, o país ainda foi citado pelos representantes de entidades como exemplo de diálogo aos trabalhadores da economia solidária nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva.

Missão

“Enquanto trabalhadores da economia informal, é muito importante para nós juntarmo-nos no Brasil e debater a Economia Social e Solidária, especialmente porque este é um período em que tentamos transformar nossas atividades em fontes de rendimento mais sustentáveis”, afirma a dirigente.

Ela se refere a garantir proteção contra a violência e assédio que continua a afetar, em particular os vendedores ambulantes que usam como locais de trabalho os espaços públicos. No local do evento foi realizada uma exposição de fotos desses trabalhadores em diversos países.

“Ao reunirmo-nos e concentrarmo-nos na Economia Social e Solidária como um modelo de trabalho, conseguiremos construir locais de trabalho mais sustentáveis e protegidos” ela afirma.