Entregador por aplicativo é agredido por cliente armado, por entrega na portaria
Caso ocorreu durante o Carnaval, no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Cliente queria que entrega fosse feita no apartamento em que mora e não na portaria
Publicado: 23 Fevereiro, 2023 - 16h53 | Última modificação: 23 Fevereiro, 2023 - 17h06
Escrito por: CUT-Rio | Editado por: Rosely Rocha
O entregador por aplicativo, Yuri Moraes de Araújo, de 21 anos, foi agredido por um cliente armado, com um tapa no rosto, por ter se negado a subir em um apartamento de um condomínio, no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na última quarta-feira (22).
A agressão, filmada pelo próprio entregador, foi feita pelo policial penal Alex Ramos Cabral. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária determinou a abertura de procedimento disciplinar para apurar o ocorrido. O entregador se dirigiu sozinho à uma delegacia onde fez a ocorrência. Solidários seus colegas de profissão fizeram um “buzinaço” em frente ao condomínio. Veja abaixo o vídeo da agressão.
Segundo o Ifood não existe obrigatoriedade e nenhuma exigência aos profissionais que trabalham na plataforma para realizar a entrega diretamente no apartamento do cliente, por entender que há variáveis como regras do condomínio, questões de segurança ou por não existir condições de estacionar a moto na via pública, por exemplo. A plataforma baniu o cliente.
A falta de apoio presencial do Ifood ao profissional e a forma como essas agressões estão cada vez mais comuns, reforça a necessidade de regulamentação da profissão, acredita o presidente da CUT-Rio Sandro Cezar.
Ele lembra que os trabalhadores de aplicativos não são informais, como alguns argumentam: “Eles têm vínculo inquestionável com as plataformas que ganham milhões com essa exploração. A regulamentação que está sendo construída é fundamental para garantir direitos aos trabalhadores. Num caso como esse o trabalhador deveria ser acompanhado por advogados da empresa e ter amparo do seu sindicato. A representação sindical é importantíssima e a legislação brasileira já prevê direitos que precisam ser respeitados para todas as categorias”, alerta.
Regulamentação da profissão
Oferecer melhores condições de trabalho e um mínimo de proteção social aos trabalhadores e trabalhadoras por aplicativo tem sido uma preocupação do governo Lula (PT). O presidente já demonstrou sua posição sobre o tema. Sem direitos e com salários baixos, esse trabalhador é precarizado e fica nas mãos dos grandes empresários.
“Não queremos que trabalhador seja um eterno fazedor de bico. Nós queremos que trabalhador tenha direitos garantidos e quando ele for trabalhar que tenha um sistema de seguridade social que o proteja no momento de uma desgraça na vida. É preciso acabar com essa história de que trabalhador por aplicativo é microempreendedor”, disse Lula em encontro com as centrais sindicais, em 18 de janeiro deste ano.
Para além do discurso e reverter essa situação, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, criou um grupo de trabalho que vai discutir ideias para regulamentar a profissão. Segundo Marinho, “Não tem nada demais em se valorizar o trabalho e trazer a proteção social”. Afinal, todos querem ser valorizados e ter direitos”, disse.
Proteção dos trabalhadores por aplicativo é preocupação da CUT
A CUT já em 2021, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizou a pesquisa “Condições de Trabalho, Direitos e Diálogo Social para Trabalhadoras e Trabalhadores do Setor de Entrega por Aplicativos em Brasília e Recife”, mostrando à época, que a jornada média dos entregadores por aplicativos, de Recife (PE) e Brasília (DF) é de, em média, de 65 horas por semana e os ganhos em torno de um salário mínimo.
Um estudo mais recente de julho do ano passado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com dados referentes a 2021, mostrou que o Brasil tem 1,5 milhão de trabalhadores por aplicativo, São trabalhadores que realizam suas tarefas por meio de ações mecânicas, como entregadores de produtos, acionados por meio de aplicativos pelo celular. Este grupo representa 93%, aproximadamente 1,3 milhão de todos os profissionais da categoria.
Veja a agressão
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