Escrito por: Redação RBA
Instituto Ethos critica empresas que aproveitam crise para explorar entregadores de aplicativos, essenciais para manter o isolamento social
Durante a pandemia, a demanda por serviços de entrega de comida e outros produtos tem aumentado vertiginosamente. Contudo, com o crescimento do desemprego em outras áreas e o aumento da procura para a função de entregador, empresas como Ifood, Rappi, dentre outras, têm reduzido a comissão paga por quilômetro rodado. Os entregadores desses aplicativos têm que arcar com custos de máscaras e outros equipamentos de proteção individual (EPIs), que deveriam ser distribuídos pelas companhias.
O entregador Carlos Alberto Saraiva, mora e trabalha na região de Jundiaí, interior de São Paulo. Ele conta que está há uma semana sem trabalhar, com suspeita de ter contraído a covid-19. Sem auxílio da empresa, como resultado, a sua família vive agora da cesta básica distribuída pela prefeitura.
“Estamos na linha de frente durante a pandemia. Mas a gente tem sofrido muito, porque as taxas diminuíram. Não está chegando nem a 70 centavos por quilômetro rodado. Tem corrida grande, de mais de 15 quilômetros, que a gente ganha 11 reais. É uma miséria”, afirmou o entregador em entrevista a Larissa Bohrer, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (2).
Em Jundiaí, por exemplo, centenas de entregadores realizaram duas manifestações para exigir melhores condições de trabalho. Uma em 1º de Maio, Dia do Trabalhador, e outra no dia 30 do mesmo mês.
O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, ressalta que aumentar a exploração de trabalhadores como os entregadores de aplicativos não faz parte das boas práticas das empresas que têm responsabilidade social.
“Todas as empresas têm que garantir permanentemente testes para diagnosticar a covid-19, além de máscaras, luvas, álcool em gel, toda a proteção necessária para poderem trabalhar nessas condições. Uma remuneração justa, digna, que seja proporcional ao crescimento registrado nos seus negócios, em resumo. Não é nenhum pouco razoável e responsável, nem faz parte da responsabilidade social de uma empresa, a possibilidade de explorar seus trabalhadores, enquanto estão tendo lucros exorbitantes nesse momento”, declarou.