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Entregadores devem fazer nova greve se empresas não atenderem reivindicações

A greve de 24 horas atingiu principalmente as capitais e cidades de médio porte. Entregadores dizem que se até o próximo final de semana, empresas não atenderem reivindicações farão nova paralisação em dez dias

Publicado: 01 Julho, 2020 - 17h04 | Última modificação: 02 Julho, 2020 - 17h46

Escrito por: Rosely Rocha

Roberto Parizotti
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A primeira greve nacional dos entregadores de alimentação por aplicativo foi um sucesso na avaliação dos organizadores do movimento, em São Paulo. A grande adesão fez os organizadores paulistanos a planejarem uma nova greve, provavelmente nos dias 11 e 12 de julho (sábado e domingo), se até o final desta semana, as empresas por aplicativo não derem uma resposta favorável às suas reivindicações.

Entre as reivindicações da categoria estão a entrega de álcool gel, máscaras e equipamentos de segurança que, segundo eles, as empresas como Ifood, Rappi, Loggi, James, Uber, e outras, prometeram, mas não entregaram para ajudá-los na prevenção à Covid 19. As reivindicações envolvem ainda aumentos do preço por quilômetro rodado e do preço mínimo por corrida, seguro de roubo, acidente e vida e fim dos bloqueios indevidos.

“As empresas ainda não deram nenhuma resposta, mas a gente vai dar um prazo, talvez, até sábado ou domingo que vem, e se elas não responderem a gente pode fazer uma nova paralisação no outro fim de semana”, diz Diógenes Silva de Souza, um dos organizadores da greve dos entregadores em São Paulo.

Diógenes Silva de SouzaDiógenes Silva de Souza
Um dos organizadores da greve 

Um estudo recente da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho) da Unicamp, mostrou que 68% dos entregadores perderam renda durante a pandemia. 

Como foram as manifestações no país

Em São Paulo, na Avenida Paulista, no período da tarde, os entregadores rezaram o pai nosso e fizeram um minuto de silêncio pelas mortes de seus colegas vítimas da Covid 19. Eles também receberam doações de alimentos para os seus colegas que perderam emprego, por terem sido bloqueados e desligados das empresas por aplicativo que vêm os obrigando a cumprir carga horária mínima de oito horas diárias, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Além de diminuir o valor das corridas, entre outras perdas.

Roberto ParizottiRoberto Parizotti
Avenida Paulista

Roberto ParizottiRoberto Parizotti 

Da Paulista, a manifestação seguiu para a Ponte Estaiada, no bairro do Morumbi, na zona sul da capital, onde o ato deve ser encerrado (esta edição  foi fechada às 16h30)

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Ponte Estaiada, Morumbi

Pela manhã, motociclistas e ciclistas haviam percorrido os locais de maior movimento de entregas na zona sul, para convencer outros trabalhadores a aderir ao movimento.

A greve atingiu além de São Paulo, as capitais do Rio de Janeiro, Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Santa Catarina, Goiás, Brasília, Minas Gerais, Piauí, Ceará, Alagoas e Bahia, além de cidades de médio porte de São Paulo como Campinas, Santos, Piracicaba e Niterói, no Rio de Janeiro.

No Rio, a manifestação teve início no centro da cidade e seguiu até a zona sul, parando nos bairros de Botafogo e Jardim Botânico.

 

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Em Belo Horizonte (MG) os manifestantes ocuparam vias da cidade de motocicleta e foram até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. 

A concentração dos entregadores no Distrito Federal foi em frente ao Congresso Nacional. Centenas de motociclistas e ciclistas saíram em seguida pelas avenidas de Brasília.

Brasília

 Em Goiânia (GO), também houve manifestação de motociclistas e ciclistas nas principais vias da cidade.

 Acharam que não ia ter #BrequeDosApps em Goiânia? Acharam errado! pic.twitter.com/AiUa3zNBai

Capitais do Norte e Nordeste também aderiram à greve

Em Belém, Pará, eles sairam pela cidade, no final da manhã, buzinando em protesto pelas péssimas condições de segurança e pagamentos.

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Belém (PA)

No Recife, os manifestantes seguiram pela Avenida Agamenon Magalhães até o bairro de Boa Viagem, na zona sul da capital pernambucana.

Em Fortaleza (CE), a manifestação começou em frente a um dos principais shoppings da cidade e seguiu até o bairro Edson Queiroz.

Em Teresina, capital do Piauí, além da manifestação por melhores condições de trabalho, os entregadores pediram maior segurança, depois que um entregador foi assaltado e teve sua moto levada, na terça-feira (30). Eles foram recebidos pelo secretário estadual de Segurança Pública, Rubens Pereira.

Também houve manifestação em São Luís, capital do Maranhão.

Na Bahia, os manifestantes percorreram as principais avenidas da capital Salvador e os locais com maiores concentração de pedidos de entregas.

Em Maceió (AL), os manifestantes percorreram de motocicleta diversas ruas da capital, até a principal Avenida da cidade, a Fernandes Lima.

Na capital do Sergipe, em Aracajú, a Polícia Militar impediu que os entregadores percorressem as ruas da cidade, alegando que não havia autorização para o protesto. Apesar do impedimento das autoridades policiais, os entregadores deram o seu recado na Orla de Atalaia, a principal via turística de Aracajú.

ReproduçãoReprodução
Aracajú (SE)

Luta dos entregadores recebe apoio da CUT

Em nota, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) deram seu apoio à greve e afirmou que trabalhará para fortalecer a organização e a luta dos entregadores por aplicativos por seus direitos e para a formalização da relação de trabalho.  

Entregadores da América Latina também se solidarizam com brasileiros

A greve dos entregadores brasileiros ultrapassou fronteiras e recebeu apoio internacional, já que a falta de respeito e as condições precárias de trabalho oferecidas pelas empresas de aplicativos ocorrem em todo o mundo. 

Trabalhadores e trabalhadoras da Argentina, Chile, Costa Rica, Equador e Guatemala se solidarizaram com os brasileiros nas redes sociais em apoio à greve.

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