Escrito por: CUT Nacional

Entusiasta da utopia, Antônio Candido sempre acreditou

Morto no último dia (12), sociólogo jamais negou seus ideais

André Gomes de Melo

Não deixa de ser uma ironia que alguém com um nome tradicional e quatrocentão como Antonio Candido de Mello e Souza tenha sido protagonista em tantas lutas populares e acreditado, até o fim, na igualdade. Um dos mais importantes críticos literários do Brasil, Antonio Candido faleceu na madrugada desta sexta-feira (12), aos 98 anos.

Em uma entrevista ao jornal Brasil de Fato, em 2011, ele explicava, que tão importante quanto valorizar os fins, era o fundamental papel de trilhar o caminho com paixão e consciência.

“O socialismo é uma finalidade sem fim. Você tem que agir todos os dias como se fosse possível chegar no paraíso, mas você não chegará. Mas se não fizer essa luta, você cai no inferno”, dizia, numa frase que poderia ser emoldurada perfeitamente no Brasil de 2017.

Apesar de uma carreira muito respeitada nacional e internacionalmente – recebeu prêmios como Camões, concedido pelos governos de Brasil e de Portugal, em 1998, Alfonso Reyes, no México, e quatro vezes o Jabuti, mais importante premiação literária no Brasil -, Candido jamais se omitiu.

Esteve presente, por exemplo, nas campanhas vitoriosas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e encabeçou a resistência e repúdio ao golpe contra a presidenta legitimamente eleita. Nada assim tão surpreendente para quem conhecia a história do ex-militante do Partido Socialista Brasileiro, militante do Grupo Radical de Ação Popular e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.

Conforme destaca o Presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, Candido será eternizado por tudo que construiu.b“A morte do companheiro Antonio Candido é uma enorme perda para a classe trabalhadora e para a população mais pobre do Brasil. Mas, a obra de Antonio Cândido, um dos maiores pensadores do Brasil, não morrerá jamais”, apontou.

Entre as obras mais importantes de Candido estão a "Formação da Literatura Brasileira", de 1959, e “Os parceiros do Rio Bonito”, de 1964, que analisava a transformação do povo paulista, páginas de uma personagem que acreditava no socialismo como a face capaz de tirar até mesmo parte da brutalidade do capitalismo.

“O grau de igualdade do capitalismo de hoje foi obtido pelas lutas do socialismo. Portanto ele é uma doutrina triunfante”, defendeu, em entrevista ao Brasil de Fato.