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Equador: Greve pela redução nos preços dos combustíveis completa uma semana

Paralisação exige também proibição de atividades de mineração nos territórios indígenas, mais orçamento para saúde e educação, e criação de políticas públicas para conter a onda de violência e crime organizado

Publicado: 20 Junho, 2022 - 12h26 | Última modificação: 20 Junho, 2022 - 12h45

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Reprodução/CONAIE
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A greve geral no Equador, em protesto contra as políticas do governo do presidente, Guillermo Lasso, entre elas, o aumento nos preços dos combustíveis, completa uma semana nesta segunda-feira (20), com uma marcha rumo à capital Quito. Segundo levantamento de organizações de direitos humanos, até agora 79 pessoas foram presas, 55 ficaram feridas e 39 denúncias de violação aos direitos humanos foram feitas durante a  paralisação.

Apesar de Lasso ter decretado estado de exceção em três províncias -  Cotopaxi, Pichincha e Imbabura -, incluindo toque de recolher noturno na capital, o decreto não teve efeitos práticos, e indígenas mantiveram protestos em pelo menos 14 das 24 províncias do país no fim de semana.

Também nesta segunda, a Assembleia Nacional vai analisar o decreto de emergência anunciado por Lasso para as províncias de Pichincha, onde fica a capital, Ibabura e Cotopaxi, as mais afetadas pelas manifestações. Se a medida for aprovada, Lasso poderá mobilizar as Forças Armadas para manter a ordem interna, suspender direitos dos cidadãos e decretar toque de recolher por 30 dias.

Comandada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), a mobilização reivindica a redução dos preços dos combustíveis, a proibição de atividades de mineração nos territórios indígenas, mais orçamento para saúde e educação, e criação de políticas públicas para conter a onda de violência e crime organizado. Além disso, os grevistas reivindicam ainda a renegociação de dívidas dos trabalhadores rurais com bancos e protestam contra o desemprego.

Entre maio de 2020 e outubro de 2021, o diesel subiu 90%, chegou a US$ 1,90 (R$ 9,79). Já a  gasolina, subiu 46% e chegou a US$ 2,55, ou R$ 13,14).

A pressão da greve geral já surtiu efeitos. O presidente do Equador anunciou na sexta-feira o aumento de US$ 50 (R$ 257) para US$ 55 (R$ 283) no auxílio econômico a famílias de baixa renda; ordenou o perdão de empréstimos vencidos de até US$ 3.000 (R$ 15,5 mil) concedidos pelo banco estadual de desenvolvimento produtivo; e deve subsidiar em até 50% o preço da ureia agrícola, fertilizante usado no campo, para pequenos e médios produtores.

Pelas redes sociais, o presidente da Conaie Leonidas Iza afirmou que a entidade comemora "os pontos em que há avanços. Embora sejam irrisórios, vão ajudar em alguma coisa", disse. Segundo a entidade, ele teve seu carro baleado no sábado. "Ele [Iza] está bem. Alertamos com isto para o estado de emergência e a atitude beligerante do governo", afirmou o grupo no Twitter. As autoridades não comentaram o assunto.

Em 2021, a pobreza no Equador chegou a 27,7% da população, e a extrema pobreza, a 10,5%. As zonas rurais são as mais vulneráveis.

Com informações da Folha de S Paulo e do Brasil de Fato