Estado brasileiro é responsável pela segurança do acampamento, diz Gleisi
Em ato realizado nesta segunda no acampamento, senadora e presidenta do PT disse também que a eleição se realizará no momento em que o Brasil vive um regime de exceção e que a candidatura de Lula é essencial
Publicado: 30 Abril, 2018 - 19h11 | Última modificação: 30 Abril, 2018 - 19h25
Escrito por: Luciana Waclawovsky
A senadora e presidenta do PT, Gleisi Hoffman, disse, na tarde desta segunda-feira (30), durante ato político na praça Olga Benário, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, que a responsabilidade pela vida e integridade física dos militantes que dormem no Acampamento Marisa Letícia, é do Estado brasileiro e do Paraná, que exigiram a mudança do acampamento para um local mais afastado.
Segundo ela, além de reforçar a segurança da área, o partido está cobrando das autoridades policiais que não aconteça mais nenhuma violência.
“Nós não queríamos sair e eles insistiram que tínhamos de mudar. Agora eles têm de dar segurança. Nós não estamos num movimento de violência e não estamos fazendo afrontamento a eles. Estamos aqui defendendo o que acreditamos e isso é essencial para a democracia brasileira. Não pode mais acontecer o que aconteceu”.
Gleisi disse que o atentado ocorrido na madrugada de sábado (28), que deixou duas pessoas feridas, um deles Jefferson Lima, que ficou em estado grave, entubado até hoje, chocou o povo brasileiro e a comunidade internacional.
A parlamentar, que chegou na manhã de hoje do Chile, onde foi participar de uma homenagem à ex-presidenta chilena Michelle Bachelet e denunciar os ataques à democracia que o Brasil vem sofrendo, falou que é preciso que o mundo olhe para a situação grave que o país está passando.
“As pessoas não estão acreditando que o Brasil, que tinha construído uma democracia, feito uma Constituição cidadã, tinha tido 13 anos de governo democrático e progressista, inclusivo, conseguiu ter uma regressão tão forte em direitos tão básicos. Isto está impactando muito”.
Estamos vivendo um regime de exceção e o processo eleitoral vai se dar nesse momento, continuou Gleisi. Segundo ela, a vontade de impedir Lula de participar das eleições é para consolidar o golpe de estado, em curso desde o ano de 2016.
“Eles não estão tirando o direito do PT, que é um partido, ou do Lula ser candidato. Estão tirando o direito do povo brasileiro que quer votar no Lula e isso é grave. É como se estivéssemos num momento de ditadura. Eles querem uma eleição sem Lula para legitimar o golpe que fizeram a partir do impeachment da Dilma”.
A presidenta do PT comentou sobre o problema que a elite política vem enfrentando depois que mandou prender Lula. Ainda estão em discussão se transferem Lula e não sabem mais o que fazer para se livrar dessa situação, disse.
“Não achavam que iam ter tanto problema prendendo Lula. Ele é grande demais para estar encarcerado. Agora querem que Lula saia daqui porque está atrapalhando, e com o atentado contra o acampamento, a situação ficou pior. Acontece que para nós Lula é solução e o lugar dele é nas ruas”, destacou.
Ela convocou a militância a se engajar na campanha eleitoral 2018 para assegurar a candidatura de Lula, seguindo na resistência e luta pela liberdade do ex-presidente.
“Vamos registrá-lo em agosto e precisamos fazer um movimento pelo Brasil. Tem muita coisa acontecendo nas ruas do país e vamos viajar em todos os estados brasileiros para lançar a campanha Lula presidente”, concluiu.
A senadora pelo PCdoB do Amazonas, Vanessa Grazziottin, estave presente na atividade e se mostrou preocupada com as ações de violência que cada vez mais se intensificam contra quem pratica manifestações pacíficas pela democracia. Ela disse que é urgente descobrir quem está praticando esses atos, para que sejam punidos por incitar o ódio pelas ruas do Brasil.
“O país inteiro assistiu o que fizeram no acampamento. Essa notícia deveria ter sido capa de todos os jornais brasileiros. Deveria ter tomado os principais espaços de todos os canais de televisão, afinal de contas, um acampamento que estava e continua na mais extrema tranquilidade e, de repente, tiros!", disse.
"Precisamos ampliar nossas vozes para acabar com essa impunidade toda. Até hoje não se sabe quem matou a [vereadora carioca pelo PSOL] Marielle Franco, quem deu os tiros na caravana de Lula pelo Sul. Eles [autoridades de segurança pública] precisam nos dar essas respostas!”