Escrito por: André Accarini

‘Estamos reconstruindo o Brasil’, diz Gleisi Hoffmann em evento da CUT

Presidenta do PT participou da reunião da Direção Nacional da CUT reforçando que é preciso dar visibilidade às ações positivas do governo Lula e não deixar de mostrar a destruição deixada por Bolsonaro

Roberto Parizotti

A deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, participou da reunião da Direção Nacional da CUT, nesta quarta-feira (6) em São Paulo. A parlamentar fez um balanço do ano de 2023, com foco nas ações do governo federal que se refletem na classe trabalhadora, para subsidiar a organização da Central.

Gleisi iniciou sua participação enaltecendo a atuação do movimento sindical, em especial da CUT. E seguida, falou sobre os 11 meses de governo Lula afirmando que a reconstrução do Brasil foi o fio condutor das ações realizadas até aqui.

“Estamos fazendo um governo de reconstrução do Brasil e do Estado brasileiro. O que foi feito nesses últimos 11 meses é sem precedentes na história de um governo. A reestruturação de todos os programas e projetos que foram feitos nos governos Lula e Dilma, todos estão de pé de novo”, disse Gleisi.

Ela reforçou que há pontos importantes que devem ser exaltados porque foram compromissos de campanha de Lula e que têm efeitos direitos na população. Um desses pontos foi, ainda na transição, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC da Transição) que garantiu R$ 460 bilhões para que programas fossem cumpridos.

Fruto da articulação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os recursos permitiram colocar em prática o aumento real do salário mínimo, que impacta diretamente nos milhões de beneficiários da Previdência, além de impactos individuais em toda a classe trabalhadora e na economia do país.

“Se hoje a gente tem um PIB de 3,2% [Produto Interno Bruto] que frustrou o mercado, que achava que seria menor, isso se deve à presença do Estado e da política de renda para a população”, disse Gleisi. A expectativa é de que o PIB de 2023 feche em mais de 3%. O mercado apostava em 1%.

Retrospectiva de ações

A presidenta do PT resgatou as ações do governo desde o início do ano, que foram reivindicações do movimento sindical e fazem parte do direcionamento político do governo federal, o olhar para a classe trabalhadora e segmentos menos favorecidos da sociedade.

Após citar que em janeiro de 2024 o salário mínimo terá mais um reajuste de cerca de R$ 100, Gleisi Hoffmann ressaltou outros pontos como a redução dos juros do empréstimo consignado que caiu para 1,8% ao mês, a desoneração da tabela do Imposto de Renda, ampliando a isenção para até dois salários mínimos (R$ 2.640), cuja tributação passou a ser aplicada a partir desse teto e as mudanças no Bolsa Família.

Ela lembrou que o programa foi reformulado com R$ 600 reais, mais R$ 150 por criança e R$ 50 por adolescentes na família e que o Desenrola permitiu que milhões de brasileiros pudessem renegociar suas dívidas, além da volta do Farmácia Popular com a lista de medicamentos com descontos ampliada.

“Acredito que essas medidas e outras de investimentos em diversas áreas, contribuíram para o PIB de 3%”, destacou a parlamentar.

Poderia ter sido mais, mas há um Banco Central no caminho

A luta pela queda dos juros praticados pelo Banco Central (BC), que é independente, é uma luta não somente do movimento sindical e setores da sociedade, mas também do governo federal. Roberto Campos Neto, presidente do BC, vem mantendo os juros patamares altos, mesmo com todos os índices econômicos comprovando que o Brasil retomou o crescimento. A queda da inflação e o próprio PIB são exemplos desses sindicadores.

“O inimigo hoje ainda é o Banco Central com juros altos. A inflação está caindo. A CUT fez uma campanha forte [contra os juros altos] e é importante continuar pressionando”, disse ela.

E, neste sentindo, Gleisi afirmou que Lula não aceitará meta fiscal zero se programas sociais deixarem de ser atendidos. “É um desafio da economia, manter o gasto público. Não tem problema ter déficit. O Brasil tem reservas internacionais, vem recebendo investimentos estrangeiros, pulando do quarto para o segundo lugar no ranking de países que recebem esses investimentos”, afirmou.

Por isso ela reforçou que é fundamental continuar em campanha pela redução dos juros praticados pelo Banco Central. Desde agosto, Campos Neto vem baixando a taxa a conta-gotas, de meio em meio ponto percentual. Hoje a Selic está em 12,25%, definida em 1º de novembro. Ainda é uma das maiores do mundo.

Perspectivas

“A vida vai ser boa em 2024”, salientou Gleisi Hoffmann afirmando que foi pra isso que Lula foi eleito. No entanto é preciso continuar fazendo a disputa política no país. Ela explicou que o ‘bolsonarismo’ continua vivo. “Bolsonaro não para, viaja o Brasil falando mal do governo e da esquerda”, disse.

Para essa disputa ela ressaltou que é necessário dar ainda mais visibilidade aos avanços conquistados desde o início do governo Lula e não deixar de falar sobre todo legado de destruição feito pelo governo anterior.

Gleisi sugeriu que é preciso cada ministro mostrar tudo o que foi destruído em suas pastas e tudo o que o novo governo vem fazendo para reconstruir. Além disso, ela citou o fortalecimento dos comitês de luta, as brigadas digitais e ampliar os debates dos movimentos sociais.

Eleições

Outro ponto defendido pela parlamentar foi a disputa política nas eleições do próximo ano, nos municípios. “Temos que cuidar do processo eleitoral participando mais dos debates (...) a CUT tem que estimular candidaturas com diversidade. Será importante para fazer o enfrentamento em 2026”, pontuou Gleisi.

A partir da eleição de bancadas de vereadores, ela explicou, forma-se uma base mais robusta para que em 2026, haja um reflexo no Congresso Nacional, ou seja, para que a classe trabalhadora eleja representantes que defendam os seus interesses e não os interesses das elites.

Planejamento

Na reunião da direção nacional da CUT, para planejar as atividades, cada secretária apresentou suas prioridades, que necessariamente passam pelas pautas defendidas pela CUT em cada tema.

O presidente nacional da CUT, Sergio Nobre, ao abrir a reunião, destacou a importância do processo de organização e planejamento de ações e afirmou que 2023 foi um ano difícil, ‘de muitos desafios’.

“Precisamos entrar em 2024 com um planejamento feito, tentando identificar os desafios para o ano que vem, um ano que também terá eleições e, depois do 1º de maio, grande parte da militância entra no debate eleitoral”, afirmou Sérgio Nobre.

Ainda na reunião, foi definida a nova composição da Direção Nacional para os próximos quatro anos.