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‘Estejam preparados para dias difíceis no Brasil’, diz Lula em Berlim

Em Berlim, ex-presidente falou sobre a democracia brasileira e sobre como o atual governo se recusa a enfrentar as grandes questões nacionais

Publicado: 11 Março, 2020 - 10h04

Escrito por: Redação RBA

Reprodução
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Durante debate em Berlim, nesta terça-feira (10), o ex-presidente Lula afirmou que é preciso estar preparado “para dias difíceis no Brasil”. Com o tema “A defesa da democracia no Brasil”, o encontro fez parte de extensa agenda na Europa.

“Estejam preparados para dias difíceis no Brasil”, disse Lula. “O PIB não cresce e o presidente (Jair Bolsonaro), em vez de explicar, preferiu contratar um comediante para esculhambar. Seria melhor e mais digno ele ter coragem de dizer que não vai ter crescimento enquanto não falar em desenvolvimento, emprego e distribuição de renda”, completou.

O ex-presidente criticou por diversas vezes o posicionamento do governo diante do que considera questões importantes. “Se essa gente que está no governo não quiser resolver, não adianta jogar a culpa na China e no corona vírus. O Brasil é um país grande e tem um mercado extraordinário. Deixem de olhar para cima, o governo tem que fazer investimento como fiz. Crédito para pessoas investirem e investimento em infraestrutura”, disse.

Estado forte

Lula defendeu o papel do Estado na recuperação da economia e no enfrentamento de crises. “A verdade nua e crua é que os países mais justos do mundo tem o Estado forte. Só quem faz política social é o Estado. Não dá para achar que o Estado fraco resolve problema da população. Não resolve.”

“Aprendam: só tem um jeito do Brasil se recuperar, e é com investimento público”, acrescentou. “Nenhum empresário vai investir em um Estado que não acredita em si. Se o governo não tem credibilidade e não merece, se não passa previsibilidade, ninguém vai investir. O governo tem que investir. Lamentavelmente, o povo vai ter que aprender com essa gente que está lá. Até agora não utilizaram política industrial, financiamento e desenvolvimento. Sem isso, não há economia que cresça. O Brasil não precisa de mais arrocho, mais golpe. Precisa de mais democracia.”

“Quando a Europa desempregou 100 milhões na crise de 2008, criamos 20 milhões de empregos. Empregos formais, de carteira assinada. Todas as categorias tiveram aumento acima da inflação. O salário mínimo aumentou 74% acima da inflação. Em 13 anos, fizemos mais do que eles fizeram em toda a história do país. Quando criei o Bolsa Família, disseram na Globo que esse dinheiro seria melhor aplicado em estrada e ponte. Respondi que quando o povo comesse asfalto eu faria. No momento, o povo precisava de feijão”, completou.

Por fim, Lula lembrou que Bolsonaro é resultado da consciência política da população e de uma série de golpes e influências externas na opinião pública. “Bolsonaro ganhou e vamos amargar esses quatro anos. Não torço para governantes darem errado. Quem paga o pato é o povo trabalhador. Mas estamos vendo a destruição da democracia”, apontou. “O ódio tomou conta do país. Nós que queríamos democracia e paz e temos um candidato que o símbolo é arma, miliciano, morte de pretos e pobres das periferias.”

Assista ao debate na íntegra