Escrito por: CUT-RS
Cerca de 700 agricultores familiares e camponeses ocuparam as três entradas do prédio da Secretaria da Fazenda do RS para cobrar medidas para amenizar perdas causadas pela estiagem
A ocupação das três entradas ao prédio da Secretaria Estadual da Fazenda, por cerca de 700 agricultores familiares e camponeses, na manhã desta quarta-feira (4), em Porto Alegre, forçou o governo do Rio Grande do Sul a receber lideranças das entidades e dos movimentos que representam os trabalhadores do campo para tratar de medidas que pelo menos amenizem as perdas com a estiagem, como o auxílio emergencial que seria liberado ainda este mês, e outras que foram anunciadas mas não foram efetivadas.
Depois de ouvir as reivindicações, o secretário da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso, ligou para o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, que deixou marcada uma audiência que deve ser realizada, no máximo, até o próximo dia 19 de maio. O objetivo dessa reunião será informar os detalhes do auxílio emergencial, ou seja, a quantidade de famílias beneficiadas e o valor do mesmo.
Cardoso fez a ligação porque o programa é da Casa Civil e ele não quis atropelar fazendo anúncios. Já Lemos confirmou o pagamento em maio, mas disse não ter detalhes.
“Não posso passar as informações específicas do auxílio, estamos finalizando os detalhes. Não temos o dado certo de famílias que serão beneficiadas, nem o valor total do recurso”, alegou.
O secretário da Casa Civil também sinalizou que o crédito emergencial, apesar de prometido, ainda não tem as condições necessárias para sua implementação.
“Nós estivemos hoje e ontem em Porto Alegre, pela quarta vez, lembrando o governo do Estado acerca da dificuldade que os agricultores enfrentam por conta da estiagem e lembrando também dos compromissos que o governo assumiu com os agricultores, seja na liberação de um auxílio emergencial e de um crédito para a agricultura familiar”, disse o coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS), Douglas Cenci.
“A luta das nossas famílias é a busca de ajuda para as problemáticas enfrentadas no campo após três anos consecutivos de seca aqui no estado. Nós também sabemos que isso está se estendendo para a sociedade em geral, como a falta de alimentos na mesa do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras” ressaltou o integrante da direção Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ido Pereira.
“A situação é dramática e esse governo é insensível em relação às perdas, ocasionadas pela estiagem e sem atitude em relação ao seu compromisso com o setor”, criticou o deputado Zé Nunes (PT).
Agricultores pretendem retornar, se promessa não se efetivar
“Nós esperávamos ir para a casa com uma notícia melhor. Esperávamos contar com o detalhamento dessa medida e com a data que o dinheiro irá chegar na casa do agricultor. Mas, infelizmente parece que o governo não se deu conta da urgência dessa demanda. Em relação aos R$ 10 mil de crédito, o governo até agora não conseguiu se organizar para fazer a execução dessa medida. Esperamos que ele cumpra com as suas promessas”, disse Douglas.
Após a reunião, os agricultores realizaram uma assembleia, onde definiram o retorno à capital gaúcha se a promessa não se efetivar. “Nós vamos trazer o dobro da mobilização e ocupar o Palácio Piratini. Vamos aguardar e dar mais um voto de confiança, apesar de nós sabermos que nesses governos estadual e federal, nós, agricultores familiares, não podemos confiar. Eles já estão há mais de quatro meses nos enrolando e hoje só assumiu o compromisso com o auxílio emergencial”, criticou a secretária-geral adjunta da CUT-RS e diretora da Fetraf-RS, Cleonice Back.
Para o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, “é uma pouca vergonha vocês largarem as criações de animais, a produção de leite, deixar para trás a lavoura que sofreu tanto na seca, para estar aqui. Agora chegou uma chuva muito forte, mas a gente sabe que essa chuva não recupera o prejuízo, enquanto Eduardo Leite abandonou o governo”.
Também participaram da reunião representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).