Estiagem cresce no RS e agricultura familiar cobra auxílio governamental
Agricultores familiares pedem ajuda dos governos estadual e federal. Estiagem já atinge 110 municípios gaúchos
Publicado: 05 Janeiro, 2022 - 08h30 | Última modificação: 05 Janeiro, 2022 - 09h22
Escrito por: CUT-RS
A estiagem, que atinge o Rio Grande do Sul, já fez com que 110 municípios relatassem seus efeitos junto à Defesa Civil do Estado, sendo que 96 publicaram decretos de situação de emergência. Isto representa mais de 21% das cidades gaúchas. Novos pedidos deverão ser apresentados nos próximos dias, se a falta de chuva persistir.
Segundo a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar ), até 30 de dezembro, foram contabilizadas 138,8 mil propriedades rurais afetadas pela estiagem em 6.340 localidades no interior do estado e mais de 5 mil famílias sem acesso a água.
“É uma triste situação que mais uma vez atinge em cheio os agricultores familiares, que estão muito preocupados. É o terceiro ano consecutivo de estiagem. Mas sem dúvida as perdas acumuladas este ano são muito maiores do que nos dois últimos anos. Por isso, precisamos imediatamente de medidas por parte do governo do estado e por parte do governo federal”, afirma a secretária-geral adjunta da CUT-RS, Cleonice Back.
Também diretora da Fetraf-RS e suplente do senador Paulo Paim (PT), ela explica que as perdas que os agricultores familiares estão acumulando são muito grandes. “A agricultura familiar pede socorro mais uma vez.”
Produtores de leite estão sem pastagens para as vacas
“Temos lavouras de milho com até 100% de perdas. Muitos agricultores não conseguiram efetuar o plantio da soja. Os produtores de leite já não têm mais pastagens para tratar os animais. E o que resta muitas vezes são as palhas de milho, pois infelizmente não é possível fazer silagem para alimentar as vacas de leite”, denuncia.
Cleonice salienta que a falta de água também preocupa muito os agricultores familiares. “Falta água para o consumo humano e para o consumo animal. Inúmeras propriedades dependem hoje do poder público municipal que está levando água com caminhão-pipa a essas propriedades, tanto para as pessoas como para os animais. Então, nós precisamos medidas urgentes por parte dos governos estadual e federal para amenizar essa crise que vive mais uma vez a agricultura familiar”, enfatiza.
Medidas emergenciais dos governos não chegam na ponta
“Outra preocupação é com a nossa produção de subsistência, baseada em alimentos, frutas e hortaliças, que também estão sendo afetadas pela falta de chuvas e pelas altas temperaturas do verão”, destaca a dirigente sindical. “Além de prejudicar os agricultores familiares, isso vai trazer um impacto na economia com aumento dos preços e da inflação”, alerta.
“Foi aprovada na Câmara e no Senado a Lei Assis Carvalho e agora o Congresso derrubou o veto do Bolsonaro. O governo do Estado anunciou medidas para irrigação, mas até o momento nada ainda chegou na ponta para ajudar os agricultores familiares, que mais uma vez sofrem com a estiagem”, ressalta a dirigente sindical.
Agricultura familiar cobra audiência com governo do Estado
O conjunto de entidades do campo, representado pela Fetraf-RS, Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES) e Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CONSEA), protocolou um documento, no último dia 7 de dezembro, junto à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, solicitando com urgência uma audiência com a secretária Silvana Covatti para tratar da estiagem. Até agora não tiveram resposta.
Para o coordenador-geral da Fetraf-RS, Douglas Cenci, “essa demora na ação e na criação de políticas públicas compromete as condições de produção e sobrevivência dos agricultores familiares e, consequentemente, afeta ainda mais a fome e a pobreza que já vem ganhando proporções gigantescas em nosso estado, atingindo hoje mais de 1 milhão de pessoas, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE)”.
Fonte: CUT-RS com informações da Defesa Civil e Emater