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Estudantes desafiam PSDB no descaso com a educação

Em Goiás governador transfere escolas para organização militares. Em São Paulo falta merenda e no Paraná governo bate em professores

Publicado: 24 Fevereiro, 2016 - 13h51 | Última modificação: 26 Fevereiro, 2016 - 12h27

Escrito por: Walber Pinto

Reprodução
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Na luta contra o fechamento das escolas e implementação das Organizações Sociais (OSs), estudantes de várias partes do país têm mostrado resistência ao descaso na educação pública nas gestões tucanas.

Em Goiás, estado governado por Marconi Perillo (PSDB), o que se viu nos últimos dias foi uma ação violenta da polícia militar contra os estudantes que não aceitam a militarização das escolas estaduais e a terceirização no setor. Contrários à política de transferência, vários jovens foram presos e liberados dias depois.

A presidenta do Sindicato dos Professores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, denuncia que a terceirização das escolas públicas estaduais para Organizações Sociais (OSs) é o golpe mais recente do governador contra a educação pública e a carreira do Magistério.

"Já acionamos o Ministério Público de Goiás e o Federal (MP-GO e MPF), vamos envolver a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Procuradoria Geral da República e o Ministério da Educação (MEC), para contestar essas medidas extremamente arbitrárias do governador Marconi”, afirma a presidenta.

O modelo que Perillo tenta impor faz parte de uma política neoliberal para privatizar o serviço público na Educação, já que fortalece o setor privado e flexibiliza a contratação de servidores.

A ausência de transparência e diálogo com educadores é algo comum nos governos do PSDB. Em abril de 2015, no Paraná, o governo de Beto Richa (PSDB) entrou para a história com um verdadeiro massacre sobre os professores e estudantes que reivindicavam seus diretos.

Reorganização silenciosa e CPI na Merenda

Em São Paulo, na calada da noite, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) promoveu uma reorganização disfarçada e fechou turmas de ensinos fundamental e médio nos últimos dias.

 A determinação de Alckmin vai contra o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que negou por duas vezes pedidos de liminar contra o projeto tucano de reorganizar as salas de aula. A decisão do governador também despreza a luta dos estudantes secundaristas que no ano passado com manifestações pacíficas ocuparam várias escolas contra esse modelo de reorganização.

De acordo com a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, há pelo menos 1.112 salas de aulas em 47 regiões de São Paulo e acusa o governo de fazer uma reorganização disfarçada.

Bebel participou, na terça (23), de um ato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para cobrar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a fraude e superfaturamento em licitações na contratação da merenda distribuída nas escolas públicas do Estado de São Paulo. A manifestação foi promovida por movimentos estudantis, sociais, populares e pela CUT.  Além dos superfaturamentos tem faltado merenda nas escolas.

Com pouca repercussão na grande imprensa, o escândalo de corrupção na merenda paulista está sendo investigado pela Operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado.

“Nós não vamos deixar isso barato. Tem um movimento, e vamos colocar as evidências. Isso tem que tomar corpo na sociedade e explicitar que não vamos dar sucesso ao governador”, ressalta.

A dirigente avalia também que, para além dos fechamentos de salas e da questão da merenda, o compromisso do governo estadual é zero com a educação. “Não só isso como, também, quando retira R$ 1 bilhão da educação. E quando faz desaparecer por exclusão 260 mil matrículas de alunos porque criou a escola de tempo integral, e fechou turnos. E isso mexeu com a vida dos alunos trabalhadores. A reorganização não parou”.

Lilith Passos, 15, da escola Maria José, Bela Vista, participou do ato pela abertura de uma CPI da merenda na Alesp. Ela afirma que a “reorganização” está ocorrendo principalmente nas periferias. “Na minha sala, por exemplo, tem 53 alunos na chamada. Essa superlotação não pode acontecer de maneira nenhuma. E ainda vem esse descaramento de roubar merenda de estudantes”.

Na escola Maria Helena Colônia, em Mauá, já foram fechadas cinco salas de aula logo nos primeiros dias do ano letivo, conta o estudante Marcelo Rocha, 18 anos. “Nós, estudantes de Mauá estamos lutando porque a educação é um direito nosso. Além de tudo, é um direito que está sendo retirado com a saída de alguns professores e falta da merenda”.

Blindagem na grande imprensa

Para o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, existe uma blindagem da grande mídia aos malfeitos dos governos do PSDB. “Nesses interesses com liberação de emendas parlamentares muitos deputados têm a sua base eleitoral com cargos comissionados no Estado e há uma amarração para que o governo tenha essa maioria. Coisas de interesse dos trabalhadores, do funcionalismo público, são barrados por esta casa”, afirma o dirigente.

De acordo com o representante da Central de Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga da Silva, o compromisso do governo Alckmin é matar jovens negros nas periferias. “Se vier como candidato a presidente da República vamos denunciá-lo e dizer que ele foi o pior governador que o estado de São Paulo já teve”.

Durante o ato na Alesp, a PM impediu que um grupo de estudantes e representantes de movimentos sociais entrasse na galeria para acompanhar a sessão pública pela abertura da CPI da merenda.