Escrito por: Walber Pinto
Em Goiás governador transfere escolas para organização militares. Em São Paulo falta merenda e no Paraná governo bate em professores
Na luta contra o fechamento das escolas e implementação das Organizações Sociais (OSs), estudantes de várias partes do país têm mostrado resistência ao descaso na educação pública nas gestões tucanas.
Em Goiás, estado governado por Marconi Perillo (PSDB), o que se viu nos últimos dias foi uma ação violenta da polícia militar contra os estudantes que não aceitam a militarização das escolas estaduais e a terceirização no setor. Contrários à política de transferência, vários jovens foram presos e liberados dias depois.
A presidenta do Sindicato dos Professores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, denuncia que a terceirização das escolas públicas estaduais para Organizações Sociais (OSs) é o golpe mais recente do governador contra a educação pública e a carreira do Magistério.
"Já acionamos o Ministério Público de Goiás e o Federal (MP-GO e MPF), vamos envolver a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Procuradoria Geral da República e o Ministério da Educação (MEC), para contestar essas medidas extremamente arbitrárias do governador Marconi”, afirma a presidenta.
O modelo que Perillo tenta impor faz parte de uma política neoliberal para privatizar o serviço público na Educação, já que fortalece o setor privado e flexibiliza a contratação de servidores.
A ausência de transparência e diálogo com educadores é algo comum nos governos do PSDB. Em abril de 2015, no Paraná, o governo de Beto Richa (PSDB) entrou para a história com um verdadeiro massacre sobre os professores e estudantes que reivindicavam seus diretos.
Reorganização silenciosa e CPI na Merenda
Em São Paulo, na calada da noite, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) promoveu uma reorganização disfarçada e fechou turmas de ensinos fundamental e médio nos últimos dias.
A determinação de Alckmin vai contra o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que negou por duas vezes pedidos de liminar contra o projeto tucano de reorganizar as salas de aula. A decisão do governador também despreza a luta dos estudantes secundaristas que no ano passado com manifestações pacíficas ocuparam várias escolas contra esse modelo de reorganização.
De acordo com a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, há pelo menos 1.112 salas de aulas em 47 regiões de São Paulo e acusa o governo de fazer uma reorganização disfarçada.
Bebel participou, na terça (23), de um ato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para cobrar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a fraude e superfaturamento em licitações na contratação da merenda distribuída nas escolas públicas do Estado de São Paulo. A manifestação foi promovida por movimentos estudantis, sociais, populares e pela CUT. Além dos superfaturamentos tem faltado merenda nas escolas.
Com pouca repercussão na grande imprensa, o escândalo de corrupção na merenda paulista está sendo investigado pela Operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado.
“Nós não vamos deixar isso barato. Tem um movimento, e vamos colocar as evidências. Isso tem que tomar corpo na sociedade e explicitar que não vamos dar sucesso ao governador”, ressalta.
A dirigente avalia também que, para além dos fechamentos de salas e da questão da merenda, o compromisso do governo estadual é zero com a educação. “Não só isso como, também, quando retira R$ 1 bilhão da educação. E quando faz desaparecer por exclusão 260 mil matrículas de alunos porque criou a escola de tempo integral, e fechou turnos. E isso mexeu com a vida dos alunos trabalhadores. A reorganização não parou”.
Na escola Maria Helena Colônia, em Mauá, já foram fechadas cinco salas de aula logo nos primeiros dias do ano letivo, conta o estudante Marcelo Rocha, 18 anos. “Nós, estudantes de Mauá estamos lutando porque a educação é um direito nosso. Além de tudo, é um direito que está sendo retirado com a saída de alguns professores e falta da merenda”.
Blindagem na grande imprensa
Para o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, existe uma blindagem da grande mídia aos malfeitos dos governos do PSDB. “Nesses interesses com liberação de emendas parlamentares muitos deputados têm a sua base eleitoral com cargos comissionados no Estado e há uma amarração para que o governo tenha essa maioria. Coisas de interesse dos trabalhadores, do funcionalismo público, são barrados por esta casa”, afirma o dirigente.
De acordo com o representante da Central de Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga da Silva, o compromisso do governo Alckmin é matar jovens negros nas periferias. “Se vier como candidato a presidente da República vamos denunciá-lo e dizer que ele foi o pior governador que o estado de São Paulo já teve”.
Durante o ato na Alesp, a PM impediu que um grupo de estudantes e representantes de movimentos sociais entrasse na galeria para acompanhar a sessão pública pela abertura da CPI da merenda.