Estudo analisa o impacto das fake news criadas pela deputada Joice Hasselmann
Pesquisa da consultoria Atlas Político aponta que 71% do eleitorado tomou conhecimento de boato contra a imprensa propagandeado pela deputada do PSL
Publicado: 01 Novembro, 2018 - 10h07 | Última modificação: 01 Novembro, 2018 - 10h23
Escrito por: Redação RBA
As autoridades brasileiras foram negligentes diante do uso de notícias falsas como arma política nas eleições, diz a jornalista do El País no Brasil Flávia Marreiro. Em artigo, baseado em estudo da consultoria Atlas Político, que rastreou o impacto das notícias falsas, distorcidas, sem comprovação, mentirosas ou injuriosas no resultado da campanha, a editora do portal espanhol cita como exemplo a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP): quantas pessoas souberam do boato propagado por ela, que se tornou conhecida como jornalista do site da Veja, de que uma "grande revista" havia recebido R$ 600 milhões para falar mal de Jair Bolsonaro?
Segundo o estudo do Atlas, 71% dos eleitores pesquisados dizem ter tido conhecimento da "informação", difundida sem qualquer base na realidade. Outros 35% disseram acreditar que a revista Veja e o jornal Folha de S.Paulo receberam dinheiro para apoiar o PT, 36% disseram não acreditar, 13% afirmaram desconhecer o assunto e 17% não souberam ou não quiseram responder.
“Hasselmann, ex-jornalista da revista Veja, não apresentou nenhuma evidência ou prova quando gravou o depoimento sobre o 'acordo' de apoio ao PT, que foi transmitido tanto no Facebook como no YouTube, ambos com milhões de seguidores. Usou tão somente sua reputação de jornalista, por um ano da própria revista, para falar a seus seguidores e a seus mais de 2 milhões de eleitores (...) Na semana em que Hasselmann fez a acusação, o repórter do El País Afonso Benites monitorava grupos de apoio ao candidato de extrema-direita (Jair Bolsonaro). Ele capturou como a postagem da então candidata se espalhava velozmente no WhatsApp e como, imediatamente, foi usada como vacina quando a Veja publicou documentos do processo de divórcio de Bolsonaro com duras acusações da ex-mulher, entre elas, a de que ocultava patrimônio”, explica o artigo de Flávia Marreiro – leia aqui a íntegra.
Um das principais polêmicas da eleição, o famigerado “kit gay” também foi um dos elementos da pesquisa. O Atlas Político questionou os eleitores se eles acreditavam na distribuição do kit pelos governo do PT – na verdade, um material anti-homofobia que nunca foi distribuído.
“Nada menos que 36% das pessoas disseram crer na informação mentirosa, que o TSE obrigaria Bolsonaro a tirar das redes poucos dias atrás, contra 45% que disseram que não –apenas 4% disseram não ter tomado conhecimento do tema. Num caso ainda mais absurdo, nada menos que 15% das pessoas disseram acreditar que Fernando Haddad defendeu o fim do tabu do incesto em livro, algo publicado pelo filósofo de extrema direita Olavo de Carvalho em suas redes (30% disseram não acreditar, 34% não tinham ouvido falar e 21% não souberam ou não quiseram responder)”, prossegue o artigo.