Escrito por: Redação CUT
Com poder de veto o governo dos Estados Unidos impediu que a proposta brasileira para a guerra Israel X Hamas fosse aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU
Com 12 votos a favor e duas abstenções no Conselho de Segurança da ONU, nesta quarta-feira (18), a proposta brasileira para uma pausa humanitária na Faixa de Gaza, foi impedida pelos Estados Unidos. Para ser aprovada bastavam nove votos, porém os norte-americanos têm poder de veto. As abstenções foram da Rússia e Reino Unido.
O veto norte-americano foi em decorrência da Rússia ter acrescentado à resolução brasileira um pedido de cessar-fogo imediato e a condenação aos ataques contra o hospital de Al Ahli, em que 500 pessoas morreram, após um míssil atingir o local. Os palestinos acusam Israel pelo ataque que acusou o grupo Jihad Islâmica, que negou a autoria do ataque. Para governos palestinos da região, Israel foi o responsável pelas centenas de mortes.
O Brasil, nas últimas horas, amenizou o texto da sua resolução na esperança de conseguir o apoio dos EUA. Mas antes mesmo do processo negociador começar, a Casa Branca já havia avisado ao Itamaraty que os americanos não queriam qualquer tipo de ação do Conselho de Segurança sobre o tema, segundo o correspondente da Folha, Jamil Chade.
Após cinco dias de intensas negociações, o Itamaraty esperava que o documento fosse considerado equilibrado o suficiente para evitar vetos dos EUA ou da Rússia. No entanto, isso também não foi suficiente. O Conselho da ONU se reuniu em três ocasiões desde o início da nova fase do conflito, mas, devido à exigência dos americanos, essas reuniões ocorreram a portas fechadas, e não houve consenso para pedir o fim da violência. O veto foi o que impediu a aprovação de um acordo.
Nos últimos sete anos, o Conselho não havia conseguido aprovar nenhum entendimento entre as potências no que se refere à crise entre palestinos e israelenses.
"Infelizmente, o silêncio e inação prevalecem", lamentou o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese. Para ele, o projeto era equilibrado e lembrou que os civis não podem continuar sofrendo.
Enquanto isso o presidente dos EUA, Joe Biden, em viagem a Israel prometeu ajuda militar "sem precedentes" ao país e acendeu um alerta para ampliação do conflito no Oriente Médio.
A proposta brasileira
A proposta brasileira condenava os ataques terroristas e toda a violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo; exigia a imediata e incondicional libertação de todos os reféns civis e pedia ainda pausas humanitárias para permitir acesso humanitário total, rápido, seguro e sem obstáculos para agências humanitárias das Nações Unidas e seus parceiros implementadores, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais, e incentivava o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária a civis, entre outras propostas.
Leia a íntegra
“O Conselho de Segurança,
“Guiado pelos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas;
“Relembrando as resoluções 242 (1967), 338 (1973), 446 (1979), 452 (1979), 465 (1980), 476 (1980), 478 (1980), 1397 (2002), 1515 (2003), e 1850 (2008) e 2334 (2016);
“Reafirmando que quaisquer atos de terrorismo são criminosos e injustificáveis, independentemente de suas motivações, quando e por quem quer que sejam cometidos;
“Expressando profunda preocupação com a escalada da violência e a deterioração da situação na região, em particular as consequentes pesadas vítimas civis, enfatizando que civis em Israel e nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com o direito internacional humanitário;
“Expressando profunda preocupação com a situação humanitária em Gaza e seus graves efeitos sobre a população civil, em grande parte composta por crianças, destacando a necessidade de acesso humanitário completo, rápido, seguro e sem obstáculos;
“Reiterando sua visão de uma região onde dois Estados democráticos, Israel e Palestina, vivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas;
“Relembrando que uma solução duradoura para o conflito israelense-palestino só pode ser alcançada por meios pacíficos, com base em suas resoluções pertinentes.