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Ex-chefe da Embrapa afastado pela Justiça concorre à presidência da empresa

O processo de escolha do novo presidente da Embrapa é questionado pelos dirigentes do Sinpaf, que denunciam falta de transparência e descumprimento da Portaria 174

Publicado: 21 Setembro, 2018 - 15h10 | Última modificação: 22 Setembro, 2018 - 13h26

Escrito por: Redação CUT

Reprodução
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O processo de escolha do novo presidente da Embrapa, conduzido pelo Conselho de Administração (Consad), está sendo contestado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf).

Os dirigentes questionam a falta de transparência e o descumprimento à Resolução 174, que determina que qualquer informação sobre a tramitação do processo tem de ser oficial e publicada no site da Embrapa.

“As informações do processo de seleção somente poderiam ser conhecidas após o Consad divulgar oficialmente, porém o que percebemos ao longo da seleção de candidatos foi o vazamento de informações e isso macula o processo, demonstra quebra de sigilo e divulgação das informações de forma privilegiada”, disse o presidente do Sinpaf, Carlos Henrique Garcia.

Além disso, o Sinpaf denuncia que o processo está sendo realizado às pressas por causa do final do mandato do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o que indica uma manobra de governo para deixar à frente do comando da empresa alguém alinhado com seus objetivos.

Em 2013, Blairo Maggi, então senador, fez um pronunciamento em defesa do nome de Sebastião Barbosa para ser nomeado como chefe geral da Embrapa Algodão, onde exerceu o cargo até fevereiro de 2018.

A gestão de Sebastião Barbosa foi polêmica. O Ministério Público do Trabalho (MTP) ajuizou uma ação civil pública pedindo o desligamento dele e de todos os empregados nomeados para cargos sem concurso público.

Após a decisão da Justiça, alguns contratados pediram demissão dos cargos, mas Barbosa permaneceu no exercício da função com o respaldo da Embrapa, apesar da sentença.

Novo gestor

Segundo o Sinpaf, 16 candidatos se inscreveram para ocupar o cargo de presidente. Além de Sebastião, o Conselho selecionou o atual diretor executivo de Inovação e Tecnologia, Cleber Oliveira Soares e o ex-ministro da agricultura Luis Carlos Guedes Pinto.

Ainda de acordo com o sindicato, representantes do agronegócio enviaram, na última quarta-feira, uma carta ao ministro Blairo Maggi criticando o processo de sucessão da Embrapa. O manifesto, encabeçado pelo Instituto Pensar Agropecuária (IPA) e endossado por várias outras empresas do setor, aponta a falta de um plano de trabalho e de estratégias para gerenciar a empresa.

"Sabatinar os candidatos somente a partir dos currículos, sem exigir a defesa de uma proposta de gestão da Embrapa, não é suficiente para avaliar se têm perfil para conduzir a empresa”, diz Carlos Henrique.

Segundo ele, “é de se admirar que numa seleção para chefia geral de uma unidade seja exigido aos candidatos apresentar um plano de gestão e o mesmo critério não seja aplicado no processo sucessório da presidência de uma instituição reconhecida internacionalmente".

O Sinpaf considera essencial que o processo de escolha de direção da Embrapa ou de qualquer outra empresa pública seja transparente e livre de interferências políticas, com regras e critérios divulgados antecipadamente e respeitadas no curso do processo. Essa posição, também foi levada pela direção do sindicato na semana passada ao ministro Blairo Maggi, segundo o presidente do Sinpaf, Carlos Henrique.

“Desde o final do período da ditadura militar, há mais de 20 anos, passaram pela Embrapa, sete presidentes e todos eles, eram empregados da empresa. Caso  se confirme a nomeação de Sebastião, esse seria após duas décadas, o primeiro a assumir a presidência sem fazer parte do quadro efetivo de empregados ", disse Carlos Henrique.

Após análise curricular e entrevista com os três candidatos, o Consad submete o primeiro classificado à Casa Civil da Presidência da República e, posteriormente, ao presidente Michel Temer. Caso esse primeiro selecionado da lista tríplice não atenda ao desejado por essas duas instâncias, o Consad indica o próximo, seguindo a ordem de classificação.