Escrito por: Brasil 247

Ex-major do Exército Ailton Barros discutiu golpe de Estado com Mauro Cid

Confira trechos da conversa entre militares aliados de Jair Bolsonaro sobre como tentar uma ruptura institucional no Brasil

José Dias / PR
Jair Bolsonaro e Mauro Cid

O ex-major do Exército Ailton Barros discutiu com Mauro Cid sobre um golpe de Estado no Brasil. Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e seu braço direito, preso por envolvimento no caso da falsificação do cartão de vacina do ex-presidente.

No dia 15 de dezembro, Barros disse: "É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer", afirmou. “Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. Os relatos foram publicados pela jornalista Daniela Lima, da CNN.

O ex-militar pontua que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos. “Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?", questionou.

"Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele", acrescentou.

No diálogo, Barros fala sobre Freire Gomes. "Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil".

Barros foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal na Operação Venire, sobre um esquema de falsificação de informação sobre cartões de vacina. De acordo com a PF, Bolsonaro e Mauro Cid tinham "plena ciência" da mudança ilegal em informação dos cartões de vacinação do ex-ocupante do Planalto.

Durante o seu governo, Bolsonaro estimulou um golpe no País ao convocar apoiadores para atos críticos ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também defendeu a participação das Forças Armadas na apuração de eleições.

Em novembro do ano passado, o TSE multou o PL em R$ 22,9 milhões após o partido questionar a confiança das urnas eletrônicas.

Em 8 de janeiro de 2023, bolsonaristas invadiram as partes externas do Planalto, onde fica o gabinete presidencial, Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.390 pessoas por manifestações terroristas.