Ex-motorista de Flávio Bolsonaro movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta, diz COAF
Transações atípicas citadas em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras mostram até um cheque do motorista para à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro
Publicado: 06 Dezembro, 2018 - 13h48
Escrito por: Redação CUT
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encontrou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta corrente do Policial Militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-Assessor Parlamentar III do deputado estadual e senador eleito Flávio Bonsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, também do PSL.
Fabrício, que atuava como motorista e segurança para Flávio até 15 de outubro deste ano, quando foi exonerado a pedido recebia R$ 8.517 mensais por mês, segundo a folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) ). O relatório do Coaf mostra que ele acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar.
Segundo informações são do jornal O Estado de S. Paulo, que publicou a denúncia, o Coaf informou que foi comunicado das movimentações de Fabrício pelo banco porque elas são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar.
De acordo com o relatório, também foram encontradas na conta transações envolvendo dinheiro em espécie, embora o ex-assessor exercesse uma atividade cuja "característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso".
O documento do Coaf foi anexado pelo Ministério Público Federal (MPF) à investigação da Operação Furna da Onça, realizada no mês passado, que levou à prisão 10 deputados estaduais da ALERJ.
Nem o senador eleito nem Fabrício foram alvos da operação que investiga o envolvimento de parlamentares com um esquema de pagamento de ‘mensalinho’ na assembleia. O ex-motorista foi citado na investigação porque o Coaf mapeou, a pedido dos procuradores da República, todos os funcionários e ex-servidores da Alerj citados em comunicados sobre transações financeiras suspeitas.
Primeira-dama
Uma das transações na conta do assessor de Flávio Bolsonaro, citadas no relatório do Coaf, é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro, aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.
Entre 2016 e 2017 o Conselho de Controle de Atividades Financeiras também encontrou cerca de R$ 320 mil em saque na conta mantida por Fabrício. Também chamou a atenção dos investigadores as transações realizadas entre Queiroz e outros funcionários da Assembleia.
A chefia de gabinete de Flávio Bolsonaro afirma ao jornal que Queiroz trabalhou por mais de 10 anos como segurança e motorista do deputado, “com quem construiu uma relação de amizade e confiança” e que o senador eleito não tem "informação de qualquer fato que desabone” a conduta do ex-assessor parlamentar.
O que faz o Coaf
O Coaf é a unidade responsável por monitorar e receber todas as informações dos bancos sobre transações suspeitas ou atípicas. Pela lei, os bancos devem informar qualquer transação que não siga o padrão do cliente. Quando a transação é em dinheiro, o banco informa sempre que o valor for igual ou superior a R$ 50 mil.