Escrito por: Andre Accarini

Ex-presidente Lula, Dilma e sindicalistas prestam homenagem a João Felício

Dirigente da CUT faleceu na madrugada desta quinta-feira, em São Paulo, após lutar contra câncer

reprodução
João felício ao lado de Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai

Os ex-presidentes Lula e Dilma publicaram notas de pesar pelo falecimento do companheiro João Felício, às 3h da manhã desta quinta-feira (19), em São Paulo. Também lamentaram a morte de Felício o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, a Secretária-Geral da CSI, Sharan Burrow, e centenas de sindicalistas que combateram junto a ele e autoridades que acompanharam a história de luta do professor que defendeu os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras até os últimos dias de sua vida.

 Para Lula, João Felício, um amigo e um companheiro, foi um “incansável lutador pela democracia e pela organização dos trabalhadores”. Em nota, Lula disse:

“João Felício foi um grande professor, amigo, sindicalista e companheiro, que presidiu com competência e dedicação a Associações dos Professores do Estado de São Paulo e a Central Única dos Trabalhadores. Foi o primeiro brasileiro a presidir a Confederação Sindical Internacional. Foi protagonista de um período de amplo diálogo entre governo e representantes dos trabalhadores para, juntos, construirmos propostas para um Brasil melhor. Tenho orgulho de tê-lo indicado para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, e de ter convivido com Felício no Partido dos Trabalhadores, na CUT e durante meus dois mandatos como presidente da República.

O Brasil perde com sua morte um lutador incansável pela democracia, pela organização dos trabalhadores, pelo diálogo e por um país mais justo, soberano e solidário, valores cada vez mais necessários nos dias de hoje.

Minha solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de João Felício.

Luiz Inácio Lula da Silva”

A ex-presidente Dilma Rousseff também homenageou o dirigente sindical. EM seu perfil no Twitter, Dilma destacou que João Felício dedicou sua vida ao povo brasileiro, “sobretudo à educação”.

 

Com a morte de João Felício, o Brasil perde um dos mais bravos defensores dos direitos dos trabalhadores, fundador e presidente da CUT e criador do PT. Ele dedicou a vida ao povo brasileiro, sobretudo à educação. Desejo conforto aos seus parentes, amigos e companheiros de luta. pic.twitter.com/oN8YujGyJX

— Dilma Rousseff (@dilmabr) March 19, 2020

 

Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, em mensagem enviada à CUT, lamentou a morte de Felício.

“Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento do companheiro João Felício. Lutador incansável das causas da Educação e grande Presidente da CUT fará muita falta ao Brasil e à classe trabalhadora. Meus sentimentos a familiares e amigos.

Fernando Haddad”

Movimento Sindical perde um de seus ícones

A história do Professor João Felício na luta por direitos começou Sindicato dos Professores e Professoras do Estado de São Paulo (Apeoesp). Por duas ocasiões foi presidente da CUT. Foi também Secretário de Relações Internacionais da central e presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI).

Sérgio Nobre, presidente da CUT, em entrevista à rádio Brasil Atual, às 5h da manhã, logo após ser avisado, lamentou a perda do amigo, ressaltando que Felício era “um sábio, grande conselheiro e lutador incansável pelos direitos da classe trabalhadora”.

“O dia amanheceu muito triste para todos nós que somos lutadores e lutadoras. João Felício, atualmente coordenador da principal força política da CUT - a Articulação Sindical, foi uma grande liderança, um sábio, um grande conselheiro, um lutador incansável pela democracia e pelos direitos da classe trabalhadora. É uma perda irreparável para todos nós, não só para os professores que são a origem da categoria dele, a Apeoesp, mas para toda a classe trabalhadora, em especial neste momento tenebroso que o País está vivendo, em que a classe trabalhadora precisa, cada vez mais, lutar pelos seus direitos. É muito triste a perda do João Felício para todos nós.

 Toda solidariedade à família do João Felício, porque ele foi uma pessoa muito especial e importante para a classe trabalhadora brasileira e, agora, a tarefa de todos nós é seguir a luta dele, derrotar o Bolsonaro restabelecer a democracia, os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, que sempre foi a grande meta da vida dele e o legado que Joao Felício nos deixa.

Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT”

Carmen Foro, Secretária-Geral da CUT, prestou uma homenagem emocionada ao amigo. Em suas redes sociais, lembrou os tempos de luta ao lado de João Felício.

“Uma vida dedicada a luta !

Quero homenagear nosso querido companheiro João Felício que partiu esta madrugada.
João Felício teve uma vida dedicada a luta dos trabalhadores, ajudando na construção da CUT. Foi presidente da CUT, secretário de Relações Internacionais, presidente da CSI - Confederação Sindical Internacional e atualmente coordenador geral da Articulação Sindical. Marcou profundamente a minha vida ao chegar no movimento sindical pela sua coragem, firmeza e sabedoria de como defendia a classe trabalhadora.

Tive a honra de ter caminhado ao teu lado e merecer o teu respeito !

João Felício, presente!”

Carmen Foro”

Antônio Lisboa, atual secretário de Relações Internacionais da CUT, parceiro de João no comando da pasta, dedicou um artigo ao amigo, que considerou ser o maior sindicalista das últimas décadas.

“Ele escolheu ser sindicalista. Em uma infinidade de outros espaços e tarefas, inclusive mais visadas, escolheu lutar lado a lado com trabalhadores e trabalhadores contra a exploração imposta pelo capitalismo”, afirmou Lisboa em seu artigo

Para o dirigente, João Felício é uma referência para a ação política sindical. “Sejamos grandes e consistentes como ele para que possamos dar continuidade à luta pela libertação da classe trabalhadora brasileira e mundial”.

Leia íntegra aqui.

Respeito internacional

Entidades sindicais de vários países lamentaram a morte de João Felício. Em nota, a Secretária-Geral da CSI, Sharan Burrow, lembrou sua chegada ao movimento sindical internacional.

“É com grande tristeza que recebemos a notícia do falecimento do nosso querido amigo João Felício. Temos imenso orgulho do período em que foi presidente da CSI, ganhando instantaneamente a admiração do sindicalismo mundial por sua liderança, integridade e compromisso. João será para sempre lembrado por sua dedicação inquebrantável pela justiça social e entrega a cauda da classe trabalhadora. Ele deixará saudades.

Nesse momento tão difícil, nossos pensamentos estão com todos os seus familiares e amigos. Nossas mais sinceras condolências em nome de todos nós da CSI.

João Felício, presente!”

Em nota de pesar enviada à direção da CUT, Laís Abramo, ex diretora da OIT no Brasil, relembrou a “cordialidade e capacidade de reflexão”, características de João Felício que o faziam se destacar e enriquecer debates sobres as lutas da classe trabalhadora.

Acabo de receber a notícia do falecimento do nosso querido companheiro João Felício. Gostaria de transmitir meu sentimento de tristeza, um grande abraço e todo meu carinho à família de João Felício e a todos os seus companheiros e companheiras da CUT. Tive a oportunidade de conhecer, compartilhar diversos momentos e trabalhar com João Felício em diversas ocasiões, principalmente no período em que fui Diretora do Escritório da OIT no Brasil. Ele sempre se destacou pela sua cordialidade, firmeza, capacidade de reflexão e atitude propositiva, tanto nos momentos difíceis quanto nos momentos em que pudemos avançar significativamente no fortalecimento dos espaços democráticos e de diálogo social, no reconhecimento dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e na promoção do trabalho decente no Brasil, na América Latina e no mundo. Como Presidente e Secretário de Relações Internacionais da CUT, teve uma destacada, corajosa e construtiva atuação. Sua ausência física entre nós, especialmente nesse momento tão difícil, será muito sentida. Mas seu legado permanecerá entre nós e nos servirá de inspiração.

Laís Abramo, Diretora do Escritório da OIT no Brasil entre 2005 e 2015”

Outras entidades internacionais se manifestaram pelas redes sociais

 

Lamentamos la partida de Joao Felicio, quien fue presidente de la CUT Brasil y luego presidente de la Confederación Sindical Internacional, CSI. pic.twitter.com/wCIteq6DRd

— CUT Chile (@Cutchile) March 19, 2020

El sindicalismo latinoamericano lamenta la partida de João Felicio, quien fue presidente de la @CUTBrasil y luego presidente de la Confederación Sindical Internacional, @ituc.#JoãoFelicioPresente https://t.co/PRWFJJyB6K

— FES Sindical (@fes_sindical) March 19, 2020

Gran dirigente sindical, de alcance mundial, que dejó huellas en todos nosotros. Fue fundamental en la lucha contra el ALCA, en la defensa de los derechos de los/as trabajadores/as y la construcción de la Patria Grande. Respeto y admiración. ¡Hasta siempre João Felício! pic.twitter.com/ZuwYtPmDN3

— Internacionales CTA (@RRIICTA) March 19, 2020

Mensagem da CTA, central sindical argentina:

"O CTA dos trabalhadores expressa toda a sua dor e imensa tristeza com a notícia da morte do grande amigo e colega João Felicio. Desejamos expressar nossas condolências à esposa, filhos, familiares e companheiros da Central Única dos Trabalhadores - CUT BRASIL.

João, militante e sindicalista, iniciou seu ativismo político na década de 1970 nas lutas contra a ditadura militar e por melhores condições de vida e trabalho para a classe trabalhadora. Ao longo de sua vida e sem deixar um dia militar e se comprometer com suas idéias, foi eleito para vários cargos na estrutura sindical e política, local, nacional e internacional, representando os interesses dos trabalhadores. Entre outros, foi eleito em diferentes cargos do sindicato de professores, a CUT Brasil (chegando a exercer sua Presidência, a Diretoria Nacional do PT e a presidência da Confederação Sindical Internacional (ITUC)

João é considerado um dos maiores líderes sindicais do Brasil e do mundo, por sua carreira política, mas também por sua coerência política e firmeza ideológica. Um companheiro que fez história em todos os espaços que participaram.

A classe trabalhadora e o movimento sindical nacional e internacional perdem um de seus melhores combatentes e o CTA dos trabalhadores perde um grande amigo com quem trabalhamos de mãos dadas para a classe trabalhadora, a integração e a democracia."