Escrito por: Isaías Dalle
Reunida nesta quarta, direção da CUT reafirma também engajamento na Frente Brasil Popular
Em sua reunião realizada nesta quarta-feira, a Executiva Nacional da CUT voltou a atacar duramente o pacote fiscal apresentado pelo governo Dilma. E deixou clara a aposta no fortalecimento da recém-criada Frente Brasil Popular como instrumento de luta no enfrentamento da crise e da política econômica adotada pelo governo.
“A CUT tem o dever de trabalhar pela unidade da esquerda e dos movimentos sociais”, afirmou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, durante o encontro. E ponderou: “Toda a vez que a esquerda se vê encalacrada, sem conseguir encontrar rapidamente uma saída para crise, e se divide, o resultado é o esfacelamento. Aí os grupos saem para buscar quem é o mais culpado ou o mais iluminado. E isso não pode nem vai acontecer”, completou, ao defender o engajamento na Frente Brasil Popular, que tem a participação de partidos políticos de esquerda e dos principais movimentos sociais brasileiros.
A Frente foi oficialmente criada no último dia 5, em Belo Horizonte, com a presença de dirigentes e militantes da CUT. A Central faz parte da Frente, que ajudou a construir.
Não ao pacote
No início da reunião de hoje, a subseção Dieese da CUT Nacional apresentou uma análise crítica e pormenorizada do pacote anunciado na última segunda-feira pelo governo. Ficou evidente o caráter recessivo e pró-mercado das medidas, e seu viés francamente inspirado no conceito de Estado mínimo.
Júlio Turra, diretor executivo, chamou a atenção para o que ele considera as reais intenções do governo ao incluir a volta da CPMF entre as medidas anunciadas. “A CPMF é o bode na sala. Esse Congresso conservador não vai aprovar isso, e então a equipe econômica, com a não aprovação, terá uma justificativa para fazer mudanças na Previdência prejudiciais aos trabalhadores”.
Para o presidente da CUT-GO, Mauro Rubens, “o momento não permite vacilo de classe. Temos de nos colocar contra a política econômica de maneira muito clara”, afirmou.
“Vocês se lembram que, logo após o anúncio daquelas MP’s em dezembro, havia ministros dizendo que em setembro tudo teria voltado ao normal?”, perguntou a dirigente executiva Jandira Uehara. “Pois bem, de lá pra cá, aquelas medidas recessivas não resolveram o problema e agora vêm essas outras. É um ajuste fiscal de longo prazo, que se aproxima da irreversibilidade”.
“É um desajuste social”, avaliou Alfredo Santos Jr., secretário nacional de Juventude da CUT. Segundo ele, um dos objetivos dessa política “é rebaixar a massa salarial e, sobre uma base de comparação reprimida, lá adiante, afirmar que o crescimento está voltando”.
Para Carmen Foro, vice-presidenta, “temos de apontar para a derrota desta política econômica”. Sérgio Nobre, secretário-geral, traduz a estratégia contida no pacote econômico. “A linha é: forjar a recessão, rebaixar direitos e, no futuro, obter crescimento”. Dessa forma, crê, apresentarão o receituário conservador como eficaz.
Diante dessas avaliações, a Executiva da CUT concluiu que é preciso construir as condições para a realização de uma greve geral. A greve será tema de debate no Congresso Nacional da CUT, que acontece de 13 a 17 de outubro.