Escrito por: Redação CUT
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco está fazendo relatório sobre a situação e diz que pode acionar o MPT ou entrar na Justiça para exigir que empresa proteja os trabalhadores
Em férias coletivas desde o dia 28 de março por causa das medidas de isolamento social para conter a disseminação da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os trabalhadores e trabalhadoras da Jeep, de Goiana (PE), voltaram ao trabalho na segunda-feira (11) e receberam apenas uma máscara facial, modelo N95, além de álcool em gel, segundo reportagem do Brasil de Fato.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), Henrique Gomes, afirma que a qualidade da máscara é fundamental, mas que passar dias e dias com uma mesma máscara é irreal. As autoridades de saúde recomendam trocar a máscara sempre que a mesma estiver úmida.
“Ela pode até durar bastante, mas estamos lidando com diversas realidades de trabalho. Para quem atua em setores em que você não precisa correr e nem carregar peso, tudo bem. Mas é totalmente diferente para quem trabalha na produção”, alerta.
“Uma máscara só para cada trabalhador é desumano. Eles suam muito na produção de autopeças, um trabalho que exige o limite do seu corpo, onde os trabalhadores adoecem muito. Uma máscara só para passar o dia? Não dá”, insiste o dirigente.
“Às vezes é melhor dar uma máscara de menor qualidade e dar um número maior de máscaras, que ajude a pessoa a trocar de máscara no turno”, sugere lembrando que cada empresa do setor de metalurgia da Região está lidando à sua maneira em relação aos cuidados de sanitários. A Gerdau, por exemplo, optou por distribuir um conjunto de máscaras para cada trabalhador, mas máscaras mais simples, de algodão.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos der Pernambuco disse que a entidade está produzindo um relatório junto a médicos e formulando propostas de adequação para as empresas.
“Mas se for necessário, entraremos em contato com o Ministério Público do Trabalho (MPT) ou entraremos com ação judicial para a empresa garantir mais equipamentos de proteção”, afirma Henrique Gomes. “Independente da qualidade da máscara, qualquer situação de exposição gera preocupação. Mas é preciso uma atenção especial nesse quesito para os trabalhadores dos serviços pesados, que são a maioria”, completa.
Entre os 13 mil trabalhadores do setor automotivo de Pernambuco, segundo Henrique Gomes, a maioria integra o grupo dos trabalhos “pesados”. De acordo com ele, na empresa do grupo FCA, que abrange a Jeep,
O acordo
Os trabalhadores retornaram às atividades na Jeep na segunda-feira (11) e seguiram até esta quinta (14). Na próxima semana, novamente trabalham de segunda a quinta, completando o mês. Nestes dias a empresa tem funcionado com 85% ou 90% dos 4.974 trabalhadores, só tendo ficado em casa os que integram grupo de risco e a maior parte do setor administrativo está trabalhando de casa. Tomando por base a Medida Provisória 936, a empresa abriu diálogo com o Sindicato dos Metalúrgicos para um acordo para o retorno às atividades e as partes firmaram acordo no fim de abril. Neste mês de maio os funcionários darão apenas 8 dias de expediente, 30% do habitual (26 ou 27 dias, mantidas as 8 horas por dia).
O acordo salarial foi de manter o valor líquido em 100% (para a faixa salarial
que recebem acima de R$10.500. Desses valores, o Governo Federal paga mais da metade e a empresa a outra parte. E o que foi considerado “a maior conquista” para os trabalhadores neste acordo foi a garantia de emprego para todos até 31 de dezembro de 2020. A proposta foi aprovada coletivamente em “assembleia virtual” do sindicato.
Edição: Marcos Barbosa
Cada empresa do setor de metalurgia está lidando à sua maneira em relação aos cuidados de sanitários. A Gerdau, por exemplo, optou por distribuir um conjunto de máscaras para cada trabalhador, mas máscaras mais simples, de algodão.