Escrito por: Redação CUT
Devido a situação crítica, governadores de 22 estados acertaram na noite da quinta-feira (21) o repasse para o estado do Amazonas de uma cota extra das vacinas que devem receber nos próximos dias
A capital do Amazonas, Manaus, ainda não respira devido à falta de oxigênio nos hospitais, e a situação crítica se espalha em pelo menos cinco municípios do interior do estado e na cidade de Faro, no oeste do Pará. Nas cidades de Coari, Manacapuru, Itacoatiara e Iranduba, o estoque de oxigênio nos hospitais chegou a ficar zerado por algumas horas, ao longo dos últimos quatro dias.
O aumento de internações de pessoas infectadas pelo novo coronavírus provocou a transferência de muitos pacientes para outros estados.
Só nessas quatro cidades, pelo menos 27 pacientes morreram por falta de oxigênio hospitalar nos últimos dias, segundo informações das prefeituras e do presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas.
Em Coari, no interior do estado, a prefeitura informou que sete pacientes que estavam internados no hospital da cidade morreram por falta de oxigênio na unidade de saúde nesta terça-feira (19).
De acordo com a prefeitura, a Secretaria de Saúde do Amazonas havia prometido 40 cilindros de oxigênio para o município até as 18h de segunda-feira (18), mas o avião que transportava os insumos passou direto por Coari e seguiu para a cidade de Tefé, no Amazonas.
A prefeitura acusa o governo do estado do Amazonas de reter 200 cilindros de oxigênio do município na Capital e de usar parte deles para abastecer unidades de saúde de Manaus, em detrimento das do interior.
A situação também é preocupante em Parintins, segunda cidade mais populosa do Amazonas, que recebe pacientes de outros municípios do baixo rio Amazonas. Porém, o município possui uma pequena usina e deve colocar uma segunda em operação ainda esta semana.
Na cidade de Manacapuru, o hospital ficou sem oxigênio no dia 14 de janeiro, batendo o recorde de mortes em um único dia desde o início da pandemia com 11 mortes no total.
Em cidades do Pará o caos se repete
Com falta de oxigênio, pacientes com suspeita de Covid-19 que estavam na UBS Morumbi em Faro, oeste do Pará, estão sendo transferidos para hospitais de Santarém e Juruti. Nesta quinta-feira (21), seis pacientes, sendo dois para UTI e quatro para clínica médica deram entrada no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém. Outros nove pacientes foram no barco do hospital Papa Francisco para o Hospital 9 de Abril, em Juruti.
A situação levou o governador Helder Barbalho (MDB), que esteve no distrito na manhã desta quinta-feira, para acompanhar os atendimentos médicos a pessoas com casos suspeitos de Covid-19 em barco e na unidade básica de saúde.
“É uma crise caótica com a vida das pessoas”, comenta Carmen Foro, paraense e secretária-Geral da CUT Nacional. “O governo (Pará) tomou medidas, mas tem que ter reponsabilidade. Temos que cobrar das autoridades, no entanto a população também precisa se proteger mais”.
Governadores repassam vacinas para o Amazonas
Cerca de 22 governadores acertaram na noite da quinta-feira (21) o repasse para o estado do Amazonas de uma cota extra das vacinas que devem receber nos próximos dias.
Nesta sexta-feira (22), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve liberar o uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da Coronavac, e 2 milhões de doses da vacina da Astrazeneca devem chegar ao país.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), participou da reunião de um grupo de trabalho que discute o colapso do sistema de saúde em Manaus e defendeu junto aos governadores, por meio do grupo no WhatsApp, que o Amazonas receba uma parte maior dessas novas doses, devido à “transmissibilidade alta” de casos e à gravidade da situação.
Fazem parte do grupo, por exemplo, estados como Piauí, Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, entre outros. O grupo de trabalho que acompanha a tragédia em Manaus é formado por governadores, técnicos da região e do Ministério da Saúde.
Números do Brasil
O Brasil registrou nas últimas 24 horas 1.335 mortes por Covid-19. Com isso, o total de vítimas subiu para 214.228, segundo o consórcio de imprensa.
De quarta-feira (20) para esta quinta (21), foram confirmados 59.946 novos casos. Já são 8.699.814 diagnósticos de Covid no país.
As médias móveis continuam com tendência de alta. O país tem média de 53.386 novos casos por dia, 18% a mais do que a média de duas semanas atrás.
Situação nos estados
Nesta quinta, aparecem com alta na média de mortes nove estados: Amazonas, Roraima, Tocantins, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
As maiores altas foram registradas no Amazonas (158%) e em Roraima (133%).
Nove estados estão em estabilidade: Rondônia, que veio de alta, Pará, Maranhão, Piauí, Bahia, Goiás, que vem de alta, Espírito Santo, Rio de Janeiro, que veio de alta, e Rio Grande do Sul.
Com queda na média de mortes, aparecem o Distrito Federal e oito estados: Acre, Amapá, que veio de estabilidade, Ceará, Rio Grande do Norte, veio da estabilidade, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Paraná, que também veio da estabilidade, e Santa Catarina.
As maiores quedas foram no Paraná (57%) e no Acre (56%).