Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA
Situação, que atinge outros países, já fez a indústria automobilística rever suas projeções para 2021 no Brasil
O recente anúncio de interrupção da produção na Volkswagen, em São Bernardo do Campo e Taubaté, ampliou a crise por que passa o setor devido à falta de componentes para veículos. Isso já fez com que a Anfavea, a associação das montadoras, refizesse suas projeções para 2021.
“Nunca foi tão difícil fazer projeções no Brasil”, afirmou na semana passada o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, durante entrevista coletiva para divulgar os resultados do primeiro semestre. “Além das variáveis socioeconômicas, agora temos também de levar em conta a situação da pandemia, o ritmo da vacinação, a instabilidade política e essa crise global dos semicondutores, sobre a qual pouco podemos antever.”
Agora, a indústria prevê produção de 2,463 milhões neste ano, ante projeção anterior de 2,520 milhões. De qualquer forma, alta de 22% sobre 2020, embora a base de comparação seja fraca. Para as vendas internas, a Anfavea estima 2,320 milhões de unidades, ante 2,367 milhões previstos anteriormente. As vendas de automóveis foram revistas para baixo, e as de comerciais leves, caminhões e ônibus, para cima. As exportações agora são estimadas em 389 mil (353 mil).
No primeiro semestre, a indústria brasileira produziu 1,148 milhão de unidades, crescimento de 57,5% sobre 2020 e queda de 22% ante 2019. As vendas somaram 1,074 milhão, com alta de 33% e retração de 18%, respectivamente.
Nos últimos 12 meses, também houve diminuição do nível de emprego. Em junho último, havia 102.700 funcionários diretos no setor. Em igual mês de 2020, eram 105.500.
No mesmo dia da entrevista coletiva da Anfavea, a Volkswagen anunciou férias coletivas para um turno de produção na fábrica de São Bernardo, por falta de semicondutores. A parada começa na próxima segunda-feira (19) e vai durar 20 dias. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 1.500 trabalhadores serão atingidos. De acordo com a entidade, outro turno pode ser interrompido assim que o primeiro retornar ao trabalho.
Em Taubaté, no interior paulista, a parada começou hoje (12), e também vai durar 20 dias. O Sindicato dos Metalúrgicos da região informou que a produção será interrompida por falta de semicondutores e módulos de airbag.
É o segundo período de férias coletivas, para aproximadamente 2 mil trabalhadores. O primeiro ocorreu de 7 a 16 de junho.
“Estimamos que a falta de semicondutores tenha impedido que algo entre 100 mil e 120 mil veículos fossem produzidos no primeiro semestre”, disse o presidente da Anfavea. “Esse problema afeta todos os países produtores e tem impedido a plena retomada do setor automotivo”, acrescentou. A produção de unho (166.947) foi a pior dos últimos 12 meses.