Escrito por: Rosely Rocha

Falta de servidores e terceirização na prefeitura de SP contribuem com o apagão

Servidores da prefeitura denunciam que Defesa Civil e zeladoria estão sem trabalhadores suficientes para atender a cidade. Presidente Lula anuncia ajuda para a população afetada

Paulo Pinto / Agência Brasil

O apagão que teve início na última sexta-feira (11), que deixou 3,1 milhão de pessoas sem energia elétrica por mais de 140 horas, na cidade de São Paulo, poderia ter seus efeitos catastróficos diminuídos em grande parte se a prefeitura da capital  tivesse feito concursos públicos para áreas essenciais como a Defesa Civil e a zeladoria urbana, que hoje sofrem com o desmonte.

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), João Gabriel Buonavitta diz que existe um plano municipal de manejo e poda que precisa ser monitorado, mas a cidade não tem engenheiros florestais e agrônomos suficientes para atender a demanda. O mesmo acontece com a Defesa Civil.

“A Defesa Civil é uma das áreas mais afetadas pela atual gestão porque não há concurso público e os técnicos servidores de carreira estão envelhecendo e se aposentando”, diz

A situação da Defesa Civil em São Paulo é desalentadora. A cidade está totalmente desestruturada e, se passar por algum evento climático extremo como aconteceu no país ela não estará preparada- João Gabriel Buonavitta

O dirigente sindical critica ainda o nível de precarização das secretarias municipais que não executam sequer o orçamento porque hoje não há servidores suficientes, nem para fiscalizar e nem para analisar o cumprimento dos contratos com empresas terceirizadas.

Sobre as empresas de poda de árvores ele conta que elas precisam ser fiscalizadas por servidores e a prefeitura não tem conseguido fazer o planejamento desse serviço.

Uma servidora, que prefere não se identificar, diz que falta profissionais habilitados na área ambiental da prefeitura e que as subprefeituras não têm estrutura administrativa para cuidar desse tipo de serviço.

“Faltam profissionais para o planejamento, a execução do serviço e verificar se tudo foi feito a contento. Esses servidores que são os principais responsáveis pela qualidade do trabalho feito e a saúde de uma árvore depende desse planejamento”, diz.

Ainda sobre a poda de árvores, a servidora conta que as empresas fazem podas irregulares por não terem pessoal especializado. Segundo ela, as terceirizadas ganham por cada poda e não fazem um mapeamento de onde estão as árvores mais críticas.

“As empresas terceirizadas fazem podas desnecessárias nas áreas viárias e muitas vezes vão limando até deixar a copa da árvore no alto, as deixando frágeis e suscetíveis a quedas. Se tem um vento de 30km por hora, ela cai”, explica a servidora.

Além da precarização da área ambiental na cidade, o presidente do Sindsep critica a escolha tecnicamente incorreta para pavimentação de ruas e avenidas e a falta de aterramento de fios.

Se houver um assoreamento numa rua a culpa será da prefeitura. E o governo Nunes não aterrou nem um quilometro de fios na cidade”, ressalta João Gabriel.

A responsabilidade da Enel

A servidora conta que para cada poda em árvores que afetam os fios é necessário o apoio da Enel para desligar o equipamento para que não haja acidentes.

“Se a copa está no meio da fiação dependemos da Enel para desligar a energia. O problema não é a burocracia, é preciso dar segurança aos trabalhadores e ao consumidor, e a Enel precisa ser ágil e dar um retorno, mas ela não cumpre para atender os chamados. Teve um determinado momento em que havia 8 mil pedidos não atendidos pela Enel”, conta.

A servidora ressalta ainda que a Enel também precisa atender de forma rápida para evitar riscos a determinados clientes, como por exemplo, no caso de hospitais que têm geradores, mas eles têm um tempo determinado de duração e o estabelecimento não pode ficar sem energia.

Governo Lula prepara ajuda

(por Agência Brasil)

O presidente Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (18) que o governo federal fornecerá uma linha de crédito às pessoas afetadas pelo apagão na cidade de São Paulo. Ele não deu mais detalhes do programa, mas que  que a iniciativa está em desenvolvimento pelos Ministérios da Fazenda e da Casa Civil.

“Eu pedi para o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad e para a Casa Civil trabalharem, porque nós vamos fazer para a cidade de São Paulo o mesmo que fizemos para o Rio Grande do Sul [afetado por enchentes em maio deste ano]. As pessoas que tiveram prejuízos por conta do apagão, as pessoas que perderam geladeira, as pessoas que perderam, inclusive, a sua comida que estava na geladeira, o pequeno comerciante que perdeu alguma coisa, nós vamos estabelecer uma linha de crédito para que as pessoas possam se recuperar e viver muito bem”, disse Lula.

“Eu não quero saber de quem é a culpa, eu quero saber quem é que vai dar solução, e nós queremos encontrar a solução”, acrescentou o presidente, ao participar de evento em São Paulo.

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) já encaminhou ao governo de São Paulo um pedido de mais prazo para o pagamento de impostos pelos estabelecimentos do setor. O pedido é de prorrogação do vencimento de impostos para cerca de 250 mil estabelecimentos que foram afetados pela falta de energia.

De acordo com a Fhoresp, a interrupção de energia já provocou prejuízos de cerca de R$ 150 milhões para o setor nos quatro primeiros dias de apagão. Os maiores prejudicados são os micro e pequenos empresários.

Fim de semana com mais tempestades

A previsão do tempo a partir desta sexta-feira para boa parte do país e para a cidade de São Paulo é de uma nova tempestade. Há previsão para uma chuva forte em todas as regiões do estado, além de rajadas de vento de 70km/h a 90km/h. O fenômeno ainda pode levar a alagamentos e queda de árvores na Grande São Paulo.

 

 

 

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