Porém, o MST alega que o documento não tem mais validade jurídica e que o emissário da empresa agiu de forma ilegal, por ter tentado fazer papel de oficial de justiça. Além disso, lembra que determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) garante que, até 20 de junho de 2022, nenhuma família será despejada em áreas urbanas ou rurais.
Segundo as famílias acampadas, entre os homens do grupo que foi ao Mandacaru intimidar os trabalhadores estava o ex-vice prefeito da cidade de Girau do Ponciano, Severino Correia Cavalcant. Conhecido como Severino do Chapéu, ele já esteve outras vezes no acampamento, ameaçando “passar com trator e com bala” por cima dos agricultores.
“Esta conduta do Grupo Monteiro representa a forma como historicamente se atua no campo, com jagunços, intimidando e ameaçando os trabalhadores e trabalhadoras”, afirma a denúncia do MST recebida pela reportagem da RBA. Há poucos quilômetros do Acampamento Mandacaru, na mesma região, foi assassinado em 2003 Luciano Alves, liderança do movimento pela reforma agrária conhecido como Grilo.
O Mandacaru
O acampamento ameaçado de despejo ilegal foi montado em 2003 e reúne famílias de agricultoras e agricultores que vivem da roça. Entre as principais culturas estão a produção de feijão, milho, palma e a criação de pequenos animais. A área ainda conta com uma escola para jovens e adultos que atende os acampados e acampadas.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) já tentou desapropriar a área para fins de Reforma Agrária, mas em decorrência de dívidas do Grupo Pedreira Monteiro o processo não avançou.
No início de 2020, mesmo após várias tentativas de negociação com o Poder Público, as famílias foram despejadas da área. No entanto, após o início da pandemia, retornaram para a terra no mês de abril daquele na tentativa de manter a sobrevivência e o trabalho na terra.
O MST está acionando os órgãos competentes para acompanhar o caso e garantir a defesa da vida dos homens, mulheres, jovens e crianças que vivem no acampamento.