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Farmacêuticas ganham mais de R$ 1 bilhão com Kit Covid, defendido por Bolsonaro

Documentos recebidos pela CPI da Covid mostram que empresas lucraram com remédios ineficazes no combate à doença R$ 1 bilhão durante a pandemia. Empresários, amigos do presidente, foram beneficiados

Publicado: 13 Julho, 2021 - 12h16 | Última modificação: 14 Julho, 2021 - 10h13

Escrito por: Redação CUT

Marcelo Casal / Agência Brasil
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Hidroxicloroquina , um dos remédios do KIT Covid

A Hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e vitamina D, remédios ineficazes no combate à Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas defendidos por Jair Bolsonaro (ex-PSL), estão enriquecendo ainda mais as farmacêuticas. Sete grandes farmacêuticas registraram um lucro bilionário com a ajuda do presidente, árduo defensor do uso dessas substâncias inúteis para o que ele chama de tratamento precoce para a doença.

Um levantamento do jornal Folha de São Paulo, publicado nesta terça-feira (13) com base em documentos sigilosos enviados à CPI da Covid, mostra as farmacêuticas EMS, Farmoquímica, Momenta Farmacêutica, Abbott, Sandoz, Cristália e Supera Farma mais do que dobraram seus faturamentos com a venda desses remédios. De janeiro de 2020 (ano em que começou a pandemia) a maio de 2021, o lucro chegou a R$ 482 milhões contra R$ 180 milhões, em 2019.

Segundo o jornal, as farmacêuticas Apsen, Vitamedic e Brainfarma não enviaram dados fechados de seu faturamento para a comissão, então o valor total pode ter ultrapassado R$ 1 bilhão.

Já o desembolso dos brasileiros somente com a cloroquina cresceu 358%, durante a pandemia, de acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma).

Entre as empresas que faturaram com o chamado Kit Covid somente a EMS obteve lucro de R$ 142 milhões com a venda desses medicamentos - um  crescimento de 709% em 2020 em relação a 2019. Tanto a EMS como a Aspen foram favorecidas por Bolsonaro que chegou a pedir num telefonema,  em abril do ano passado, ao primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, que ele ajudasse a enviar  ao Brasil a matéria-prima da hidroxicloroquina para o uso no tratamento da Covid.

Na transcrição da conversa Bolsonaro disse: ”Estou informado de um carregamento de 530 quilos de sulfato de hidroxicloroquina que está parado na Índia, à espera de liberação por parte do governo indiano. Esse carregamento inicial de 530 quilos é parte de uma encomenda maior, e foi comprado pela EMS”.

Os amigos do presidente

O empresário Carlos Sanchez, dono da EMS e do laboratório Germed, também  autorizado a vender a cloroquina no Brasil, tem uma fortuna avaliada, segundo a revista Forbes em US$ 2,5 bilhões e é o 16º homem mais rico do país.

Considerado “bolsonarista”, Sanchez esteve em duas reuniões virtuais com o presidente , em março e maio, em que juntos com outros empresários discutiram a pandemia.

Já o empresário Renato Spallicci, dono do laboratório Aspen , triplicou em abril a produção de Reuquinol, à base da cloroquina. Bolsonaro chegou a mostrar em uma live a caixinha do produto da farmacêutica. O empresário costuma compartilhar nas redes as ações de Bolsonaro e aproveitou para divulgar as imagens do presidente exibindo o seu remédio.

Outro fabricante de cloroquina, eleitor de Bolsonaro, o empresário Ogari de Castro Pacheco, do laboratório, Cristália, é filiado ao DEM e segundo-suplente do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO). Ele foi ‘agraciado’ com a presença de Bolsonaro na inauguração de uma das plantas do laboratório, em agosto do ano passado.

Bolsonaro não esqueceu do ex-presidente dos EUA, o direitista Donald Trump, também apoiador do uso de cloroquina. O  único laboratório estrangeiro autorizado a vender a substância no Brasil é o francês Sanofi-Aventis, que tem Trump como acionista.

Agora os membros da CPI querem descobrir se há relação das farmacêuticas com o governo e com os membros desse gabinete paralelo. A autoria dos requerimentos é dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Com informações do Correio Braziliense e Folha de São Paulo