Escrito por: Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

Fenaj e SJSP cobram punição a agressores de Marlene Bérgamo

Jornalista foi mais uma vítima da PM durante cobertura de um ato

Divulgação
Marlene Bérgamo foi mais uma vítima da truculência policial paulista


Mais uma vez, a Polícia Militar de São Paulo agride e fere uma jornalista durante seu trabalho. Dessa vez, a vítima da truculência da PM na madrugada desta quarta-feira (2) foi a repórter fotográfica Marlene Bérgamo, diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e fotógrafa do jornal "Folha de S.Paulo". Ironicamente, a agressão aconteceu no Dia Internacional de Combate à Impunidade de Crimes Contra Jornalistas.

O Sindicato e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam de forma veemente mais essa agressão arbitrária da PM paulista, que rotineiramente ataca profissionais de imprensa, e exigem diretamente do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), uma atitude definitiva para impedir que esses abusos continuem a ocorrer.

A agressão aconteceu nesta madrugada, quando os policiais invadiram um imóvel no centro de São Paulo, ocupado pela Frente de Luta por Moradia (FLM), para retirar à força do prédio cerca de 250 pessoas - famílias em busca de moradia digna, incluindo idosos e crianças.

A ocupação aconteceu poucas horas antes. A jornalista chegou ao local durante o conflito e se dirigiu aos policiais para colher informações. Antes de começar seu trabalho, e com os braços levantados, a repórter se identificou como profissional de imprensa e indagou pacificamente os policiais.

A resposta truculenta da PM foi um disparo de bala de borracha a curta distância, atingindo em cheio a região da barriga. Com o ferimento sangrando, a jornalista retirou-se do local para receber atendimento médico, fazer boletim de ocorrência e submeter-se a exame de corpo de delito.

Diante de mais uma agressão gratuita, o SJSP e a Fenaj reforçam sua preocupação com a espiral crescente de violência da PM, comandada por Alckmin, contra os jornalistas em pleno exercício profissional. Sabemos que a violência policial tem como alvo preferencial os militantes dos movimentos sociais, sindicais e populares, e que a agressão dirigida aos jornalistas visa a justamente coibir a atuação dos profissionais para impedir o registro da repressão das forças do Estado, ao invés de exercer o papel de proteger e dar segurança aos cidadãos.

A agressão gratuita desta madrugada é um exemplo disso. Os ocupantes do imóvel denunciaram que a violência teria começado quando policiais à paisana, contratados pelos proprietários, invadiram o local. Com o conflito instalado, a tropa oficial da PM teria entrado em cena para fazer a desocupação, e a jornalista acabou sendo violentamente agredida na tentativa de impedi-la de realizar seu trabalho, ou seja, a simples apuração e o registro fotográfico dos fatos.

Ao final, depois do uso também de bombas de gás lacrimogêneo no interior do prédio, o imóvel foi desocupado à força e, além da jornalista ferida, um ocupante também foi atingido e três pessoas foram presas. Mais uma vez, as liberdades democráticas, a liberdade de imprensa e o direito de expressão foram violados.

O SJSP e a Fenaj se solidarizam com a jornalista e diretora do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo, Marlene Bérgamo, e exigem das autoridades a apuração rigorosa da agressão, com a punição dos responsáveis. Reforçam, também, mais uma vez, ao governador do Estado, Geraldo Alckmin, a necessidade de uma audiência urgente para reivindicar o fim das rotineiras agressões das forças policiais contra jornalistas e exigir providências imediatas.